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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

FELIZ ANO- NOVO, O DESMONTAR DUMA FARSA

Sempre que se aproxima mais um fim de ano, revivo com muita emoção e saudade as antigas passagens de ano vividas em Carção, nas então gélidas e escuras noites de Inverno transmontano, (a iluminação eléctrica haveria de chegar anos mais tarde) onde era tudo tão simples, tão autêntico e genuíno. 
A mocidade, rudimentarmente disfarçada e empunhando enormes archotes feitos com a palha de colmo que sobrara de encher os xaragões no fim do Verão, organizava-se em grupos numerosos que, em cortejos fantasmagóricos, percorriam toda a freguesia, rasgando a escuridão da noite, enquanto gritavam vigorosamente:
- “Pegai no ano que se vai embora, pegai no ano que se vai embora!....
Mas com o tempo tudo mudou e agora, sacrifica-se tudo ao que é moda e ao que fica bem. Por tudo e por nada, enviam-se milhões de mensagens insuportáveis, esboçam-se sorrisos tão ridículos quanto hipócritas, dão-se abraços mais traiçoeiros que o beijo de Judas na última ceia e formulam-se votos de Feliz e Próspero Ano-Novo dirigidos a quem se conhece e a quem não se conhece, a quem nunca se viu e nunca se verá. Mas como isto soa a falso e acaba cedo. Quando acabar a festa e as luzes se apagarem, antes ainda de se digerirem as invejas das cintilantes jóias da vizinha que durante a noite tanto atraíram as atenções de todos, ou engolir o ridículo de terem optado por toiletes démodés e mais vistas que a Sé de Braga, tudo voltará ao mesmo e então:
.- Em vez dos sorrisos espontâneos e do calor dos abraços, voltará cada um a reassumir os seus desvarios, alimentar a sua soberba e exibir a sua presunção;
- Em vez dos gestos de solidariedade, de apreço e de cordialidade, voltará a exploração dos mais desvalidos e a preocupação de cada um olhar só para o seu umbigo;
- Desvalorizam-se os gestos de acolhimento, de apreço e de cordialidade perdendo-se tudo na turbulência e no egoísmo do convívio humano de conveniência e de interesses;
- Esquece-se o simbolismo da troca dos presentes e, rapidamente, volta tudo às guerras do consumo, das vaidades, das injustiças e da prepotência sobre os enteados da sorte;
- Deixa-se só para os outros a obrigação de, dia após dia, tudo fazerem pela prosperidade e pela felicidade do próximo, desde que isso não lhe tire o sono nem mexa nos seus interesses.
Sendo pena que este período de felicidade seja tão breve, temos de interiorizar que é esta a crua realidade com que continuaremos a ser confrontados, Nunca perdendo a esperança de que talvez um dia, com amor e verdade, possamos formular para todos

VOTOS SINCEROS DE UM PRÓSPERO E FELIZ ANO-NOVO.

F. Costa Andrade

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