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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 21 de novembro de 2020

Acima de Gregos e Troianos

 Nas últimas duas semanas, Portugal conheceu uma série de novas medidas de tentativa de controlo da Pandemia e, agora, a renovação do Estado de Emergência. Muito se tem escrito sobre as mesmas: há quem as ache excessivas, quem as considere tímidas face ao que se está a viver e depois há um terceiro grupo, os negacionistas, que simplesmente consideram que, como tudo é uma conspiração e uma cabala global, os “manda-chuva” querem é controlar a população (ou outros objectivos similares).

Quanto a este último grupo, não faço mais observações, pois se acho muito interessante todas as discussões (e por isso faço questão de responder a quem tem a paciência de ler as minhas crónicas, cheguem-me os comentários pela via que chegarem) acho que discutir com terraplanistas é uma perda de tempo. Dizer apenas que espero que se haja consequências, disciplinar, civil e criminalmente quando houver motivos que o justifiquem, quando quem nega o que está a acontecer e incentiva práticas que colocam em causa a saúde pública são pessoas particularmente responsáveis como, a título de exemplo, profissionais de saúde.

Mas se há algo que me revolta e que não consigo compreender é a surdina específica que a classe política continua a fazer sobre determinados assuntos, que preocupam verdadeiramente os cidadãos, como se não percebessem que é este um (talvez dos principais) motivos que leva tanta gente a afastar-se da política (daqueles incómodos que não se precisam de se servir dela mas, porventura, servi-la a ela e à comunidade) e se traduzem em níveis de descrédito brutal e que levam a índices de abstenção atrozes. Falo, por exemplo, do apelo de tantos professores, auxiliares, Pais, e outros membros da comunidade  educativa face ao que está a acontecer nas escolas! Se se compreende (ainda que eu não os aceite!) os motivos económicos pelos quais não se avançou pelo encerramento de todos os estabelecimentos de ensino, exige-se que esta situação seja alterada (nem que seja parcialmente) quando as circunstância também se alteraram dramaticamente.

Falo também das excepções abertas aos ajuntamentos, onde se é verdade que existem limitações legais a que se tomem medidas proibitivas de reuniões partidárias, é imoral e digno de ideologias ditatoriais (se dúvidas existissem) persistir nesses mesmos eventos. Falo, para dar apenas mais um exemplo, na falta de concretização de fiscalização nos locais de trabalho, bares e cafés, assim como do alargamento do teletrabalho quando as funções sejam compatíveis a todo o território nacional, já que não implica qualquer prejuízo económico e seria essencial para baixar um dos palcos onde o contágio tem sido mais elevado.

Uma palavra ainda aos agentes políticos, nomeadamente àqueles cuja posição, por extremismo partidário ou ideológico (ou até mesmo a estes já que em situações excepcionais se exige ainda mais bom-senso), nunca se limitou a ser “do contra” ou populista. É incompreensível que, enquanto a mancha de “vermelho covid” se alastra pelo país, na AR o apoio ao Estado de Emergência e à sua renovação se veja diminuído. Bem sei que abstenção não é voto contra, mas agora, mais do que nunca, exige-se clareza! E clareza é também assumir posições e, sobretudo, dar o voto em plenário em nome do que Portugal necessita.

Não estamos em fase de birras partidárias onde não se toma uma posição favorável por motivos menores. E se e quando os motivos forem relevantes, pois muito bem. Se é por falta de medidas concretas, por falta de conhecimento prévio dessas medidas que o deixem claro, exijam-no onde deve ser exigido, mas não deixem de ser agentes de saúde pública em altura pandémica, pois há tomadas de actitude políticas essenciais constitucionalmente como o é a renovação do Estado de Emergência até ao final do ano que tem e deve ser apoiado pelos partidos que não olhem apenas para o barómetro mas para o bem de Portugal. Nem que implique o sacrifício de um Natal em nome de todos aqueles, Covid e não Covid, que têm direito à saúde e precisam do Serviço Nacional de Saúde (ou até do Sistema Nacional de Saúde) para o garantir.

Opiniões há para todos os gostos e certo é que todos gostaríamos de dar conselhos ao Governo. Eu incluída. Mas também reconheço que estar ao comando e decidir numa circunstância desta não é fácil e há muito que gerir, controlar e contornar. Pode-se gostar mais ou menos do estilo de comunicação (eu abomino!), admirar ou estupidificar as principais personagens da DGS ou do Governo (eu estou claramente com o segundo verbo) ou até defender que muitos dos que agora se manifestam deviam era aumentar as vias de protesto ou defender que é uma má altura para sede de protagonismos televisivos e que é premente perceber que há sacrifícios que cabem a todos e que mais vale perder um mês para ganhar muitos outros. Mas acima de todas as opiniões, acima de gregos e troianos, há que defender o Direito Fundamental à saúde e a sua principal garantia em Portugal: o Sistema Nacional de Saúde!

Ana Soares

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