quarta-feira, 25 de novembro de 2020

… quase poema… ou do regresso ao futuro

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Ouvi contar aos antigos que houve um tempo na Terra em que as pessoas podiam, livremente, sair à rua… ir aos restaurantes, a concertos, frequentar a noite, mergulhar na praia, viajar...  viver em comunidade, andar pelas cidades ... passeando sem esconder o rosto na máscara que aprisiona o sorriso.... ouvi dizer que houve um tempo em que os países viviam em democracia… em que se podia, a qualquer hora sair para passear, para ir à escola, à igreja, às repartições públicas… um tempo em que era possível viajar por todo o mundo… houve um tempo em que os crentes podiam ir à missa… peregrinar para Fátima… ou perder-se nos caminhos de Santiago… houve um tempo que havia grandes festejos na Páscoa e no Natal e as Famílias se reuniam… e eram tantos…. E dançavam durante toda a noite no “querido mês de agosto”…  houve um tempo em que os partidos se reuniam em grandes congressos e ninguém reclamava….  houve um tempo em que os idosos não eram presos em imensos armazéns…  e podiam beijar os seus filhos e netos… e morriam felizes…houve um tempo… ouvi contar aos antigos que se podia … beijar e abraçar… e as mãos se uniam sem medo nem pressa…houve um tempo em que o sorriso viajava pelas ruas… houve um tempo em que a humanidade era livre e feliz… e não sabia…

… memórias!
… isso foi num tempo antiquíssimo… e poucos se lembram… foi antes de março de 2020
… poucos se lembram!

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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