Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Para se preencher o espaço que existia entre a última porta da Farmácia e a parede lateral que é da casa do Ricardo Fotógrafo, hoje fechada, construíram um Quiosque em madeira, maneirinho, ao qual o povo logo nomeou de Quiosque do Guedes.
Vendiam-se lá jornais, cigarros e toda a parafernália de artigos de uso individual como pentes e corta-unhas.
Mas o meu fascínio pelo dito era porque ali se vendiam cromos retratando jogadores de futebol. Na saga dos meus anos de garoto preenchi com figuras colecionadas a partir da compra de rebuçados que traziam os "Caramonos" da Bola, algumas cadernetas mas nunca consegui completar, uma só que fosse.
A esposa do Senhor Guedes era quem tomava conta do negócio que dizia respeito ao Quiosque e tenho dela uma recordação vivida e grata pois me ajudava com palavras de sabedoria na tarefa de preencher a caderneta e não gastar os meus parcos recursos, no que seriam apenas repetições pois que o "Número da Bola" só sairia quando calhasse a ocasião adequada. E qual era a dita ocasião? Perguntava eu, respondendo-me ela que me informaria logo que se apercebesse, já que estava alerta. Nunca chegou a ocasião pois que entretanto eu fui ao Quiosque do Costa (Exposto) junto ao Liceu e por acaso o tio Exposto acabava de arrancar o rebuçado que continha o "Número da Bola" que estava colado no fundo da lata dos rebuçados, entregando-o a um garoto do Liceu que devia ser bom cliente.
Tomei o facto como sendo afinal o que a mulher do Guedes me tentou fazer compreender e eu ingénuo não consegui concluir. Terminava para mim a saga dos "Caramonos" e passados uns anos passei a ir ao Quiosque do Guedes comprar a Revista da Editora Abril, Selecções do Readers Digest, que ela fazia o favor de guardar até ao dia em que eu conseguia os 2$50 para a sua aquisição.
O Snr Guedes era quem mais fama tinha de vender a Sorte Grande, o que sucedeu algumas vezes. Nunca lhe saiu a ele mas fez algumas pessoas felizes.
Ligado indelevelmente ao Quiosque do Guedes e por consequência às minhas memórias está a figura do "Chico Brôa", meu vizinho da Caleja e ardina de profissão. Irmão da Misericórdia, tinha como missão juntamente com o Zé Sarrafo, de fazer soar as matracas na Procissão do Senhor dos Passos.
Quando subia a Almirante Reis com o saco dos jornais a bater-lhe no traseiro, os garotos gritavam-lhe: -Ó Chico, olha a Bola e ele que nunca dizia palavra, apenas movimentava o pulso direito que estava seguro pela mão esquerda e sem se voltar fazia o manguito em vez de dizer, Vai-te F**** !
Memórias minhas da gente da minha terra, que partilho com os que gostam de recordar, outras gentes, nos mesmos lugares.
Vendiam-se lá jornais, cigarros e toda a parafernália de artigos de uso individual como pentes e corta-unhas.
Mas o meu fascínio pelo dito era porque ali se vendiam cromos retratando jogadores de futebol. Na saga dos meus anos de garoto preenchi com figuras colecionadas a partir da compra de rebuçados que traziam os "Caramonos" da Bola, algumas cadernetas mas nunca consegui completar, uma só que fosse.
A esposa do Senhor Guedes era quem tomava conta do negócio que dizia respeito ao Quiosque e tenho dela uma recordação vivida e grata pois me ajudava com palavras de sabedoria na tarefa de preencher a caderneta e não gastar os meus parcos recursos, no que seriam apenas repetições pois que o "Número da Bola" só sairia quando calhasse a ocasião adequada. E qual era a dita ocasião? Perguntava eu, respondendo-me ela que me informaria logo que se apercebesse, já que estava alerta. Nunca chegou a ocasião pois que entretanto eu fui ao Quiosque do Costa (Exposto) junto ao Liceu e por acaso o tio Exposto acabava de arrancar o rebuçado que continha o "Número da Bola" que estava colado no fundo da lata dos rebuçados, entregando-o a um garoto do Liceu que devia ser bom cliente.
Tomei o facto como sendo afinal o que a mulher do Guedes me tentou fazer compreender e eu ingénuo não consegui concluir. Terminava para mim a saga dos "Caramonos" e passados uns anos passei a ir ao Quiosque do Guedes comprar a Revista da Editora Abril, Selecções do Readers Digest, que ela fazia o favor de guardar até ao dia em que eu conseguia os 2$50 para a sua aquisição.
O Snr Guedes era quem mais fama tinha de vender a Sorte Grande, o que sucedeu algumas vezes. Nunca lhe saiu a ele mas fez algumas pessoas felizes.
Ligado indelevelmente ao Quiosque do Guedes e por consequência às minhas memórias está a figura do "Chico Brôa", meu vizinho da Caleja e ardina de profissão. Irmão da Misericórdia, tinha como missão juntamente com o Zé Sarrafo, de fazer soar as matracas na Procissão do Senhor dos Passos.
Quando subia a Almirante Reis com o saco dos jornais a bater-lhe no traseiro, os garotos gritavam-lhe: -Ó Chico, olha a Bola e ele que nunca dizia palavra, apenas movimentava o pulso direito que estava seguro pela mão esquerda e sem se voltar fazia o manguito em vez de dizer, Vai-te F**** !
Memórias minhas da gente da minha terra, que partilho com os que gostam de recordar, outras gentes, nos mesmos lugares.
Bragança,15/11/2020
A. O. dos Santos
(Bombadas)
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