Abordava as vítimas pelo Facebook, dizia que fazia parte de uma associação solidária, que pretendia ajudar pessoas carenciadas, e pedia donativos.
Primeiro dizia que precisava de bens alimentares, mas depois pedia dinheiro para pagar faturas ou comprar bens para idosos ou crianças necessitadas.
Valéria Santos, residente na Suíça, conta que começou a estranhar quando pediu comprovativos do pagamento de despesas e estes não foram enviados:
“Fiz a minha primeira doação para, supostamente, pagar a conta de luz de um casal. Quando pedi a prova em como tinha pago, disse-me que tinha ido a uma loja daquelas pequenas e que não tinha comprovativo. Inventava sempre imensas desculpas, mas nem duvidei porque fui acreditando nos obstáculos que apareciam para nunca me mandar as provas.”
Entre donativos angariados na família e junto dos amigos, Valéria Santos contribuiu com mais de 500 euros gastos em alimentos, roupa e produtos de higiene.
Desconfiou da situação quando a suposta burlona pediu dinheiro para os tratamentos médicos de uma criança que ninguém conhecia:
“Ninguém conhecia a criança de lado nenhum e viemos a saber, há pouco tempo, que a fotografia que nos tinha enviado tem, pelo menos, mais de dez anos. Entrei em contacto com as senhoras que faziam parte dos grupos que ela criava e começámos a trocar informações. Entretanto, vimos que uma associação de Macedo de Cavaleiros tinha publicado uma denúncia em como essa senhora, uma tal de Márcia, que afinal é nome falso, mas era o que usava na Suíça, Luxemburgo e França para se identificar, burlava as pessoas. Aí é que começamos a perceber que alguma coisa não estava bem.
Penso que o nome verdadeiro dela é Sónia.”
Também Elisabete Vilares, de Macedo de Cavaleiros, foi vítima do mesmo esquema:
“A senhora iniciou conversa comigo no sentido de saber se eu podia ajudar uma associação. Inicialmente pediu-me bens alimentares e eu, na minha boa fé, fui ao supermercado e fiz bastantes compras, num total de cerca de 70€. Esses bens alimentares foram entregues a uma senhora no Bairro de São Francisco, que eu deduzo que seja a mãe da burlona. No dia seguinte, aborda-me de novo, pelo Facebook, para saber se eu tinha disponibilidade para pagar umas contas de luz para um casal muito carenciado, que passava frio. Deu-me a entidade e referência, num valor de mais de 60€. Eu paguei. Depois, pediu-me novamente para pagar uma conta, desta vez de telefone, e eu disse-lhe que não deveria ser a única pessoa a querer ajudar. Aí, começou a ficar de pé atrás e até agressiva.”
Hélder Roxo, de Montemor-o-Velho, foi burlado, através da aplicação OLX, em cerca de 30 euros:
“Estava a pesquisar vendedores de nozes e encontrei o anúncio desta senhora, que estaria a vender a 3€/kg. Perguntei qual o valor de 5kg e ela disse-me que na compra de 10kg me oferecia os portes, que tinham o valor de 15€.
Eu não fiz logo negócio mas todos os dias me mandava mensagem a perguntar se a encomenda era para seguir. Acabei por fazer o pagamento e ela ficou de enviar as nozes. Até hoje que espero pela encomenda.”
Hélder Roxo contactou a mulher por várias vezes, mas esta arranjou diversas desculpas para justificar o facto de o produto nunca ter chegado.
Os contactos foram feitos de números diferentes, todos eles bloqueados pela burlona.
Algumas das vítimas apresentaram queixa às autoridades.
A GNR confirmou a existência de várias queixas relacionadas com este tipo de burlas, já encaminhadas para o Ministério Público.
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