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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

O que a vida me deu – 2ª PARTE

Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Havia nos meus tempos de menino, na Praça da Sé, uma porta de cor verde escura e uma montra estreita onde um homem alto, um pouco curvado, que irradiava sempre um sorriso moderado mas constante, me parecia alguém saído dum conto. Era o Senhor Chico Machado que foi um Bragançano que eu ainda nunca mencionei nas minhas crónicas, mas que confesso, me fascinava.
Era ele como que a força que se pressentia ocasionar o movimento lento mas constante de um pequeno botequim que era como algo precioso, que incluía um grupo alargado de gente que para aquele tempo eram o elite pensante da Cidade. Para além do Snr Chico havia duas irmãs que chegavam, colocavam uns bolinhos que elas próprias confecionavam na montra e pouco tempo após saíam como quem tivesse cumprido o dever de vir para alindar a casa. Nunca soube qual a classificação que o Governo Civil atribuía ao dito estabelecimento, sei apenas que era um sítio pequeno que após o almoço se enchia de clientes pelo espaço de uma hora mais ou menos e à noite estava literalmente cheio de homens que vestiam elegantemente, fumavam charuto e falavam um falar mais melódico, pois era a sua forma de dizer que me fazia pensar, porquê aquilo era ali tão diferente dos outros cafés e se mantinha com tão pequena diferença de clientes.
Recordo o Eng.Teixeira e o irmão das Finanças, o Senhor François e o Arquiteto Ferreira, os dois irmãos Gorgueira,  Amílcar e Licínio e um número substancial de clientes que davam para encher um café muito maior, mas que os acomodava a todos  de forma elegante e moderada.
Há, publicada no Facebook uma foto captada, penso que no Cura, onde todos os fotografados eram assíduos do "Chico Machado". Trouxe hoje este simpático Botequim à lembrança de todos porque me parece que pouca gente o menciona nas suas memórias, ingratamente, digo eu, que o considerei como Joia que não resistiu aos ventos de mudança. Deixo aqui um preito de homenagem ao Senhor Chico Machado e irmãs, pois também eles fazem parte das minhas memórias que zelosamente guardo.
Logo acima encontra-se a Farmácia Mariano que sendo um estabelecimento que tem história que chega para poder ser considerada a Farmácia com mais menções no memorial da Cidade. Fundada por Acácio Mariano homem bom e democrata dos quatro costados, foi sempre ponto de passagem obrigatória para quem precisasse de remédios para o corpo e consolo para a alma. Não descreverei a história da Farmácia que este grande Bragançano fundou e que felizmente ainda hoje é assistida por três "Marianas" que a cuidam muito bem e que são de outra maneira heroínas como Acácio Mariano foi num tempo que eu ainda conheci.
Deixo aqui expresso o meu gesto de admiração e agradecimento à Doutora Ana Paula, à Elisabete e à Marisa por toda a graça e simpatia com que têm perfumado esta quase instituição da minha cidade. Obrigado às três.



Bragança, 15/11/2020
A. O. dos Santos
(Bombadas)

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