Por: Humberto Pinho da Silva
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Costuma-se dizer, que a crosta da estupidez, que nos cerca, tem léguas de espessura.
Se a estupidez fosse das mais baixas camadas da população – que muitas vezes é mais sábia do que se pensa, – compreendia-se, mas essa crosta, provém de indivíduos responsáveis e (quantas vezes!) de encanudados, de canudos ocos.
Não é, todavia de “ canudos ocos”, que pretendo falar, mas de gente modesta, empertigada da sua “ importância” económica e bem-falante.
Estando na papelaria a comprar esferográficas, deparei com diálogo, entre freguesa e balconista, sobre saúde.
- “Então, que dizem os médicos? -perguntou a caixeirinha.
-”Além de mais, falam também numa espondilico, ou pondirrose ou coisa assim.”
-” Cheee! …Já ouvi falar nessa palavra! …” – Respondeu a empregada, exprimindo semblante condoído.
Como anedota é impagável; como realidade só pode ser lastimável.
Num açougue – contou-me familiar, – discutiam o crime horrível, relatado no jornal:
-” Ah! Então já se sabe quem matou! Foi este homem de barbas! Bandido!” – Afirmou a açougueira, apontando para o jornalista.
-” Olhe que não – explicou a cliente, mais sabedora – esse é o jornalista!”
-” Olha agora! A senhora não me dê lições, que eu sei muito bem ler! Cá está: “ A esposa perante o bárbaro assassino!” Bárbaro é este, que tem barbas e que é assassino.” – Apontando insistentemente, com o indicador, para o retrato do jornalista.
Certo domingo fui participar na missa do Padre Faria, na Igreja de Santo Ildefonso (Porto). Na homília, este, referindo-se às palavras de Cristo, que dizem: “ Eu sou o caminho…” O bom sacerdote, esclarece: - “ Não vão para ai dizer: que eu sou o caminho…”
E prosseguiu: “É que já me disseram que há quem afirme, que o abade de Santo Ildefonso, é o caminho… Eu sou apenas um pobre pecador…”
E ainda dizem que o ensino obrigatório é necessário para que todos sejam cultos e ilustrados…
O ensino, para muitos, apenas serve para obter diploma, que permita: obter bons empregos…e pouco trabalho…
Se a estupidez fosse das mais baixas camadas da população – que muitas vezes é mais sábia do que se pensa, – compreendia-se, mas essa crosta, provém de indivíduos responsáveis e (quantas vezes!) de encanudados, de canudos ocos.
Não é, todavia de “ canudos ocos”, que pretendo falar, mas de gente modesta, empertigada da sua “ importância” económica e bem-falante.
Estando na papelaria a comprar esferográficas, deparei com diálogo, entre freguesa e balconista, sobre saúde.
- “Então, que dizem os médicos? -perguntou a caixeirinha.
-”Além de mais, falam também numa espondilico, ou pondirrose ou coisa assim.”
-” Cheee! …Já ouvi falar nessa palavra! …” – Respondeu a empregada, exprimindo semblante condoído.
Como anedota é impagável; como realidade só pode ser lastimável.
Num açougue – contou-me familiar, – discutiam o crime horrível, relatado no jornal:
-” Ah! Então já se sabe quem matou! Foi este homem de barbas! Bandido!” – Afirmou a açougueira, apontando para o jornalista.
-” Olhe que não – explicou a cliente, mais sabedora – esse é o jornalista!”
-” Olha agora! A senhora não me dê lições, que eu sei muito bem ler! Cá está: “ A esposa perante o bárbaro assassino!” Bárbaro é este, que tem barbas e que é assassino.” – Apontando insistentemente, com o indicador, para o retrato do jornalista.
Certo domingo fui participar na missa do Padre Faria, na Igreja de Santo Ildefonso (Porto). Na homília, este, referindo-se às palavras de Cristo, que dizem: “ Eu sou o caminho…” O bom sacerdote, esclarece: - “ Não vão para ai dizer: que eu sou o caminho…”
E prosseguiu: “É que já me disseram que há quem afirme, que o abade de Santo Ildefonso, é o caminho… Eu sou apenas um pobre pecador…”
E ainda dizem que o ensino obrigatório é necessário para que todos sejam cultos e ilustrados…
O ensino, para muitos, apenas serve para obter diploma, que permita: obter bons empregos…e pouco trabalho…
Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".
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