Os veados estão a provocar danos avultados nas culturas, especialmente de castanheiros, na zona da Lombada, no concelho de Bragança. O problema já não é de agora, mas tem piorado nos últimos anos. Os agricultores queixam-se que o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas pouco faz para resolver a situação. Segundo o produtor Duarte Fernandes, o valor pago pelos prejuízos não compensa de todo o trabalho nem a espera:
“O ICNF diz que vai lá avaliar os estragos, só que são coisas muito complicadas. Eles chegam lá, vêm uma árvore com um porte para uma saca de castanhas, vêm o prejuízo e dão 10 euros por um castanheiro. E uma árvore para chegar a esse porte demora muitos anos, se formos a contabilizar, uma árvore daquelas fica à volta de 200 a 300 euros. Não é com 10 euros que pagam” salientou.
A falta de alimento nas montanhas será o que leva os veados a aproximem-se das povoações e comam as culturas. Para os agricultores, o ICNF deve fazer mais do que pagar os estragos: deve evitá-los. Por isso, o produtor também de castanha, João Rodrigues, considera que uma das soluções passaria pela vedação:
“O problema é que na montanha eles deixam de ter alimento e cada vez mais se aproximam da aldeia, onde os agricultores têm as suas culturas. Há algumas soluções, era possível fazer vedações colectivas se as entidades competentes e gestoras destas áreas o permitissem e colaborassem, porque isso é dispendioso, ou então, abate selectivo para controlar a densidade desses animais aqui nas aldeias” referiu.
A Lombada é uma das zonas nacionais de caça e os veados são ouro para os caçadores. Por isso, são deixados crescer até atingirem grande porte. O problema é que para se alimentarem causam prejuízos. Altino Pires, presidente da União de Freguesias de São Julião de Palácios e Deilão, aldeias inseridas nesta zona, crítica a posição do ICNF:
“Não nos dão nenhuma resposta. Estamos inseridos na Zona de Caça Nacional da Lombada, esta espécie representa, em termos de caça uns dos bons troféus de caça de veado, e é aqui que eles têm saído. Ao ICNF interessa-lhe preservar esta questão. O que interessa aqui é que haja esse tipo de animais para que sejam abatidos. Está a tornar-se insuportável. Provavelmente vamos, mais uma vez, apresentar uma reivindicação junto do ICNF e estou crente que vamos continuar na mesma situação em que estamos” afirmou.
Contactámos a directora regional do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, Sandra Sarmento, mas, até ao momento, ainda não foi possível obter qualquer declaração sobre o assunto.
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