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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 21 de agosto de 2022

Vindima no Douro mais cedo para salvar uva da seca e do calor

 A vindima começou mais cedo no Douro para “salvar” a uva da seca e do calor e, pelos valados de uma quinta, em Alijó, cruzam-se vindimadores portugueses, timorenses e ucranianos, que minimizam a falta de mão-de-obra.


“Este ano antecipamos a colheita das uvas porque não choveu e as videiras estão a sofrer muito ‘stress’ hídrico”, afirmou à agência Lusa José Morais, da Casa dos Lagares, localizada na aldeia de Cheires, no concelho de Alijó, distrito de Vila Real.

Cortam-se, para já, as uvas brancas, daqui a uns dias iniciar-se-á o corte das uvas tintas e, pela adega e valados da propriedade, ouvem-se diferentes línguas: português, inglês, ucraniano e tétum.

Aqui a vindima faz-se com imigrantes que ajudam a colmatar a falta de mão-de-obra que afeta a região.

“Neste momento estão a participar na nossa vindima senhores timorenses e ucranianos e trabalham todos muito bem”, referiu José Morais, apontando que a adaptação está a ser fácil.

O vindimador português Diamantino Correia Bravo, 64 anos, ainda se recorda das rogas, grupos de homens e mulheres que desciam da montanha para as vindimas do Douro. Com ele, são, neste momento, quatro as pessoas de Cheires que trabalham na propriedade, os restantes são estrangeiros.

O trabalhador salientou que os estrangeiros é que têm ajudado, porque “os de cá não querem trabalhar”, ou "já estão reformados".

Na vinha, os timorenses arranham o português e, na adega, as duas ucranianas, ali a trabalhar no dia em que a Lusa fez a reportagem, só falam na língua materna. A língua dificulta a comunicação, mas tradutores ‘online’, os gestos e as demonstrações permitem a aprendizagem e a realização do trabalho.

O timorense Edgar Ximenes dos Santos, 40 anos, chegou a Portugal há três meses, veio logo trabalhar para a agricultura e disse que está a gostar do trabalho”, que não considerou difícil de fazer.

Também vindos de Timor, Fernando Alves, 26 anos, disse que gosta de Portugal, e que está também a gostar desta que é a sua primeira vindima, e Atanagio Ramos, 26 anos, também se estreia na vindima, depois de ter chegado há um mês ao país.

“Eu gosto deste trabalho, não me vejo a fazer outra coisa, gosto de trabalhar aqui, na agricultura, gosto de mexer na terra”, afirmou, por sua vez, a duriense Sara Pimenta, 37 anos.

Já Bruno Oliveira, 40 anos, concilia o trabalho na vinha com o voluntariado no quartel dos bombeiros de Cheires.

“No verão, como há pouco trabalho no campo, aproveita-se e vai-se para os bombeiros e este está a ser um ano muito complicado. Agora, com o início das vindimas, começa a ser mais complicado conciliar, mas vamos tentando e ver o que se pode fazer”, afirmou.

No meio da vinha, o produtor José Morais explicou que as uvas estão a amadurecer mal, a transformar-se em passas e, por isso, optou-se por colher agora, enquanto ainda têm líquido.

“Isto é tipo cesariana (…), é colher antes que seja tarde. Cada dia que passa é um prejuízo”, frisou.

A floração da planta foi boa, havia muitas uvas à nascença, não houve pressão de doenças e, até há cerca de um mês, tudo indicava tratar-se de um “bom ano em qualidade e quantidade”.

Depois, devido ao calor e à falta de água, já que os solos estão secos pela falta de chuva, as uvas pararam de crescer, começaram a desidratar e, segundo José Morais, pela primeira vez está-se também a ver a “morte de videiras”.

O Douro não é um território homogéneo. As maiores dificuldades sentem-se nas regiões do Douro Superior e Cima Corgo e menos no Baixo Corgo. Mesmo em Cheires, as vinhas mais afetadas estão nas zonas de baixa altitude e mais quentes, junto às margens dos afluentes do rio Douro.

O Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) prevê quebras de 20% na Região Demarcada do Douro, face à campanha anterior.

Apesar de previsões difíceis de fazer, o produtor estima uma quebra de produção, nas vinhas mais afetadas, entre “50 a 90%”.

A vindima culmina um ano complexo, também devido ao aumento do preço dos combustíveis, dos produtos enológicos, de garrafas ou rolhas.

“Realmente, está a ser muito difícil porque ainda vendemos os vinhos ao mesmo preço. Era preciso subir na escala de valor, ainda mais numa zona, como é o Douro, onde as produções por hectare são baixíssimas”, salientou o produtor.

A Casa dos Lagares é uma empresa familiar que tem 18 hectares de vinha e a produção média ronda entre “os 50 a 70 mil litros” repartidos por vinho do Porto, moscatel, vinho branco, tinto e rosé.

Paula Lima (texto)
Pedro Sarmento Costa (fotos), da agência Lusa

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