Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

O Porco no Rifoneiro Português | Provérbios


O Porco no Rifoneiro Português 

Ao longo dos tempos, o povo elaborou um conjunto de expressões, rifões, provérbios ou ditos populares, sobre o porco.

Deixamos aqui alguns recolhidos e sistematizados em três grupos:

1.- Economicamente, o porco é um tesouro, um bom negócio, uma exigência:

– Amigo velho, toucinho e vinho velho;

– Bácoro em Janeiro com seu pai vai ao fumeiro;

– Bácoro de meias não é meu;

– Bácoro fiado, bom Inverno e mau Verão;

– Com um pedaço de toucinho, leva-se longe um cão;

– Cozido sem toucinho e mesa sem vinho não valem um tostão;

– Dia de Santo André, quem não tem porco mata a porca, que é a mulher;

– Em Abril, mete o porquinho no covil;

– Em Abril, ronca o porco no covil;

– Em Janeiro, um porco ao sol outro ao fumeiro;

– Fiambre e fiado sabem bem e fazem mal;

– Morto por morto, antes a velha (a abelha) que o porco;

– No dia de Santo André, diz o porco: qui é, qui é!

– No dia de Santo André, vai à esquina e traz o porco pelo pé;

– No dia de São Martinho, mata o teu porco e bebe o teu vinho;

– No dia de São Tomé, pega o porco pelo pé; se ele disser que é, que é, diz-lhe que tempo é; e se ele disser que tal, que tal, guarda-o para o Natal;

– No dia de São Tomé, quem não tem porco mata a mulher;

– O boi e o leitão em Janeiro engordarão (criam rinhão);

– O leitão e os ovos, dos velhos, fazem novos;

– O porco, com sua licença, se tivesse asas era a melhor das aves; se tivesse barbatanas, o melhor dos peixes;

– Pelo Santo André, quem não tem reco mata o homem;

– Pelo S. Barnabé, faz o porquinho cué, cué; e se disser que não, diz-lhe que tempo já é;

Mais alguns provérbios…

– Pelo S. Lucas, mata o teu porco e tapa as tuas cubas;

– Pelo S. Martinho, mata o porquinho, prova o vinho e semeia o cebolinho;

– Pelo São Martinho, mata o teu porco, chega-te ao lume, assa castanhas e bebe o teu vinho;

– Porco, no São João, meão; se meão se achar, podes continuar; se mais de meão, acanha a ração;

– Porco que nasce em Abril, vai ao chambaril;

– Porco rabão nunca enganou o patrão;

– Porco safio, porco de brio;

– Porcos de Abril vão com a mãe ao chambaril;

– Quando estiveres morto, torna-te à ovelha e ao porco;

– Quando não há lombo, linguiça como;

– Quando o teu vizinho matar um porco, mata tu também nem que seja um tordo;

– Quando te derem o bacorinho, deita-lhe (bota-lhe) logo o baracinho;

– Quando te derem um porquinho, acode logo com o baracinho;

– Se matares um leitão, mostra-o ao juiz e dá-o ao escrivão;

– Se te derem um leitão, mostra-o ao juiz e dá-o ao escrivão;

– Tenhas porco e não tenhas olhos;

2.- O reco, na práxis, é um livro aberto, biológica e moralmente:

– Aí é que a porca torce o rabo;

– A mau bácoro, boa lande;

– Anel (arganel) de ouro em focinho de porco;

– Ao porco e ao genro, mostra-lhe a casa, e ele virá cedo;

– A porca, apenas lavada, revolve-se na lama;

– A porco gordo, unta-se-lhe o rabo;

– Auxiliar ingratos é deitar pérolas a porcos;

– Babujado de cão faz o menino são, babujado de porco faz o menino morto;

– Branco ou preto, um porco é um porco;

– Cavalo de olho de porco, cachorro calado e homem de fala fina, sempre se relancina;

– Com que sonhas, porco? Com a bolota;

– De rabo de porco, nunca bom virote;

– Dia de barba, semana de porco, ano de casado;

– Em que pensas porco? Na bolota;

– Enquanto se capa, não se assobia;

– Foge do feio e do porcino, da botica e do remédio;

– Freio, focinho e bico, não fazem o homem rico;

– Homem e porco, só depois de morto;

– Já o rei é pouco para lhe guardar os porcos;

– Judeu e porco, algarvio e mouro, são quatro nações e oito canalhas;

Mais alguns provérbios…

– Mais dias há que linguiças;

– Mata o teu porco, se queres ver o teu corpo;

– Não convém ao porco contender com Minerva;

– Não é em pia grande que o porco come à vontade;

– Não quero bácoro com (nem o) chocalho;

– Negociante e porco, só depois de morto;

– Nem pernada de porco, nem rasgadura de um contra outro;

– No queijo e no pernil de toucinho, conhecerás o teu amigo;

– O bácoro, a fome e o frio, fazem grande arruído;

– O pior porco é que come a maior bolota (melhor lande);

– O que não vai no cerro, vai na banda;

E mais ainda…

– Porca capada já não se descapa;

– Porca com três meses, três semanas, três dias e três horas;

– Porca de muitos, bem comida, mal cevada;

– Porca ruiva, o que faz, isso cuida;

– Porco com frio e homens com vinho fazem grande arruído;

– Porco emprestado grunhe todo o ano;

– Porco fiado todo o ano grunhe;

– Porco fresco e vinho novo, cristão morto;

– Porco fresco e vinho novo, cristãozinho no cemitério;

– Porco sujo de lama quer sujar os outros;

– Quatro horas dorme o santo, 5 o que não é tanto, 6 o estudante, 7 o caminhante, 8 dorme o porco, e se dorme mais é porque está morto;

– Quem a porcos há medo, as moitas lhe roncam;

– Quem come focinho de porco é o desinço da loiça;

– Quem com farelos se mistura, maus porcos o comem;

– Quem com porcos se mistura, farelos come;

– Quem foi à missa perdeu a chouriça;

– Quem nasceu para porco nunca chega a porqueiro;

– Quem perdeu o porco, as pedras lhe roncam;

– Quem perfuma porco perde cheiro e juízo;

– Quem porcos busca, a cada moita lhe grunhem;

– Quem quer ver o seu corpo mata o seu porco;

– Queres conhecer o teu corpo? Mata o teu porco;

– Saltou a cabra à silva, e a porca à pocilga;

– Se queres conhecer (ver) teu corpo, abre um porco;

– Três horas dorme o santo, 3,5 o que não é tanto, 4 o estudante, 5 o extravagante, 6 o porco e 7 o morto;

– Vale mais ser porco que filho de Herodes;

– Vieram porcos do monte, lançaram-nos da nossa corte;

3.- O porco na culinária:

– Atar e pôr ao fumeiro, como o chouriço da preta;

– Cabrito e leitão de um mês, e cordeiro de três;

– Carne magra, de porco gordo;

– Fogo viste, linguiça!

– Leitão de mês, cabrito de três, mulher de dezoito e homem de vinte e três;

– Leitão de mês, pato (marreco) de três;

– Lombo assado, lombo perdido;

– O leitão e o pato, do cutelo ao espeto;

– Leitão com vinho torna-se menino (tenrinho);

– Ossos da suã (assuã), beiço untado (barba untada), barriga vã;

– Presunto, vinho e toucinho, os da Turquia são os melhores;

– Unhas de porco, poucas e bem cozidas;

Provérbios recolhidos e sistematizados por Mons. Salvador Parente Ribeiro. Trabalho apresentado no Encontro «Saber Trás-os-Montes» – 10 e 11 de Outubro de 1996 | Serviços de Cultura – Câmara Municipal de Vila Real

Se quiser, pode ficar a conhecer outros provérbios populares…

O porco e o vinho

“Do porco aproveita-se tudo.” Nas aldeias de Portugal, este animal tornou-se doméstico, com as galinhas.

O porco enraizou-se no receituário gastronómico, tal como o bacalhau.

Fazemos um aproveitamento quase integral de toda a sua constituição, desde a múltipla carne até às partes menos nobres, como as tripas, focinho, orelhas, pés ou banha.

O sangue é tradicionalmente aproveitado na fabricação de enchidos, como as morcelas.

A norte temos a raça autóctone Bísaro, de raiz celta; no centro, a quase extinta extinta Malhado de Alcobaça; a sul reina a raça Alentejano, de origem africana.

O porco Bísaro alimenta-se de lavagem de legumes e de castanha, enquanto o porco Alentejano come os frutos do montado, sobretudo a bolota.

Então, o que é o porco preto?

Popularmente, essa designação é dada à raça autóctone Alentejano, mas é uma associação incorreta: os Bísaros podem ser mais escuros do que os Alentejanos.

Prove as diferenças de texturas e sabores, e harmonize com vinhos tintos: enchidos moles com vinhos do sul; os fumeiros mais duros com vinhos do norte. (…)

Aníbal José Coutinho

Sem comentários:

Enviar um comentário