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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Cinquenta anos depois...

Por: Carlos Pires
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Cinquenta anos depois, ainda hoje me pergunto como é que o censor da então Avenida Américo de Deus Rodrigues Tomás, um militar – o capitão Palmeiro –, deixou passar o livro no “Exame Prévio”. Se calhar -  no Entrudo passa tudo, no Carnaval ninguém leva a mal -, a dois anos do 25 de Abril, o capitão fez vista grossa…
Fosse por que fosse, o poema – “E agora! É agora! / Agora sim, que chegaram os vossos dias, / Que chegou o Carnaval!”–, com uma linguagem desabrida, nua e crua, tal qual Deus a botou ao mundo, sem metáforas nem subterfúgios, lá passou. E passou esse, uma forma de comparar o Carnaval à hipocrisia que reinava nos tempos da ditadura, como todos os outros 37 poemas incluídos em in Versos, quase todos publicados no “Mensageiro de Bragança” entre 1971 e 1972, dirigia então o semanário da diocese Manuel dos Anjos Lopes Sampaio – figura de valor inapagável que alguém, um dia, estou certo, há-de ligar à Cidade de forma adequada. 
in Versos, o meu primeiro livro de poemas, foi composto e impresso em Bragança, em 1973, na Escola Tipográfica do Patronato de Santo António, Casa Doutor Oliveira Salazar.

(... Cinquenta anos antes)

É agora! É agora!...
Agora sim, que chegaram os vossos dias,
Que chegou o Carnaval!
Afivelai, bem apertadas,
Essas máscaras
Que vos deram a fama
Que engana a gente e o Mundo!...
Matai, gritai, roubai
E mostrai aos enganados
Que sois assassinos,
Más línguas e gatunos!
Abri os olhos à gente
E Mostrai-lhe as artimanhas
Que vos levaram a santos
E heróis com vãs façanhas!
E dizei-lhe, também,
Que becos, esquinas e cantos
São padrões, assinalando o mal
que fizestes e fazeis por toda a parte:…
- Hipócritas, fingidos, mentirosos,
Que escondeis a podridão
Nos discursos que palrais,
É agora a hora!...
- Mostrai!...
Demonstrai a vossa arte
Que é Carnaval!...

Carlos Pires

Carlos Pires
é natural de Macedo de Cavaleiros, tendo adoptado a pequena aldeia de Meles, onde crestou à  solta nas férias grandes, como o seu verdadeiro berço. Como jornalista, fez parte das Redações do "Tempo", "Portugal Hoje", " Primeira Página", "Liberal", "Semanário" e da revista de economia "Exame" (de que foi editor).
Em Bragança, colaborou no semanário "Mensageiro de Bragança" (1970-72), tendo sido co-fundador do semanário "ÈNÍÉ - uma voz do Nordeste Português" (1975) e da publicação  "Domus", da Casa de Cultura da Juventude de Bragança (1977-78).
Foi assessor de imprensa de Maldonado Gonelha, ministro da Saúde (1983-85).
Entrou para o Infarmed em fins de 2000, depois de ter sido assessor de imprensa da ministra Elisa Ferreira, nos dois governos de António Guterres, primeiro no Ministério do Ambiente, depois no Planeamento (1995-2000).
No Infarmed criou o Gabinete de Imprensa, tendo sido porta-voz da instituição durante mais de uma dúzia de anos.
Alguns aspetos marcantes: a iniciativa da realização de um curso para jornalistas (2001), ministrado por peritos do Infarmed, em que os principais órgãos de informação estiveram representados, sobre o ciclo de vida do medicamento; a elaboração do jornal da instituição, "Infarmed Notícias", trimestral (de que é coordenador/editor/redator), tendo publicado já 78 números; a edição especial de Janeiro de 2018, com 120 testemunhos sobre o INFARMED na altura conturbada da ideia controversa da sua deslocalização para o Porto (depois editada em livro); e ainda a publicação de um livro, editado pela Âncora, "Redondilhando", que nasce no seio da instituição e cujo prefácio foi assinado por Ernesto José Rodrigues.

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