quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Presidente da câmara de Bragança afirma que o estado está a usar verbas do PRR para se "autofinanciar"

 Só uma pequena percentagem dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência é que vem para o interior e isso não é forma de desenvolver o país


Uma crítica feita pelo presidente da Câmara de Bragança, nas comemorações dos 559 anos da cidade, na segunda-feira à noite. Hernâni Dias afirma que as verbas estão a ser usadas pelo Estado para se autofinanciar.

“Quando se tem um mecanismo e um instrumento tão importante como é o PRR de poder criar dinâmicas de desenvolvimento minimamente equilibradas, isso não acontece, porque o Estado claramente acaba por absorver as verbas do PRR para se autofinanciar, para poder executar aquilo que está debaixo da sua alçada, quando é necessário que haja uma perspectiva global de desenvolvimento e que vá ao encontro daquilo que são as necessidades do Interior”, disse.

Até agora apenas 9% das verbas do PRR foram executadas. Uma taxa muito baixa e que pode pôr em causa a execução do plano até 2026, disse o autarca de Bragança.

Hernâni Dias reivindicou ainda o regadio para a região e o regresso do comboio. Projectos que fazem falta e que não saem do papel, porque o litoral tem sido valorizado e o interior esquecido.

“Os territórios do litoral não podem permanentemente serem beneficiados em detrimento dos territórios do interior. O problema não é ser Interior no dia de hoje, é ter sido Interior desde há muitos anos e todos os Governos que temos tido nunca terem interpretado como algo de positivo e de natural o desenvolvimento de determinadas zonas do país. Não vislumbro no curto prazo uma alteração de metodologia de actuação que vá inverter essa tendência”, frisou.

Na cerimónia o padre Adelino Pais recebeu a medalha de mérito do município. Uma surpresa para si.

“Não contava, porque eu não sou dada a homenagens. É uma honrosa distinção, sem dúvida, mas não me cabe bem a mim, mas àqueles que eu represento, que são todas essas pessoas distantes, os marginalizados, os que não têm foz, e que eu procurei assistir durante o meu sacerdócio”, disse.

No âmbito das comemorações, na segunda-feira, foi ainda apresentado o livro “História das Teorias Políticas e Sociais”, uma sebenta feita, há 60 anos, por Adriano Moreira. Uma homenagem ao transmontano e antigo político que faleceu o ano passado aos 100 anos.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

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