Esta é uma tradição muito antiga, que se cumpre, anualmente, na quarta-feira de cinzas. Esteve perdida durante alguns anos, mas em 2012 foi recuperada.
As personagens percorriam o centro histórico da cidade castigando as pessoas, sobretudo as mulheres.
António Fonseca, de 62 anos, participava nesta tradição e agora, que se recuperou, continua a sair à rua para não deixar morrer esta identidade.
“Antes era horrível, entrávamos pelas janelas, pelos telhados, enfiavam-se debaixo da cama e nós tirávamo-las, estragávamos as coisas, as fechadoras, o telhado. Não podemos deixar morrer a tradição”, contou.
António Ferreira, de 67 anos, também participava e continua a fazer parte da tradição, mas noutros tempos era diferente.
“Tomáramos nós como antigamente. Subíamos aos telhados e às canelas, mas hoje é só para dar cinturadas, é diferente”, disse.
David Pradinhos, 18 anos, é um dos jovens que poderá garantir que a tradição não morre.
“É importante para as pessoas perceberem que a tradição ainda se mantém e por muito que já esteja esquecida, há pessoas que já nem se lembram do que isto é, é importante mostrar-lhes que a tradição ainda não morreu. As mulheres antigamente gritavam para a Morte e para a Censura e eles iam atrás delas e o nosso trabalho é manter a tradição”, referiu.
António Tiza é presidente da Academia Ibérica da Máscara e do Traje, através da qual a tradição voltou a cumprir-se. A saída destes personagens remonta a tempos, possivelmente, medievais.
“Há um documento do século XIX que fala nisso. Pelas suas características não temos dúvida de que é um ritual de origem medieval, porque se trata de castigar as pessoa que tinham praticado excessos nos dias anteriores do entrudo, era destinado a lembrar-lhes que era preciso fazer penitencia e era preciso dar início a uma nova vida, mais regrada, mais condizente com a doutrina da igreja”, explicou.
A Morte, o Diabo e a Censura saíram ontem à rua. Aos mais velhos, de outros tempos, juntaram-se alguns jovens alunos de escolas de Bragança.
A iniciativa é organizada pela junta de freguesia e a câmara municipal.
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