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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 15 de maio de 2023

1.º BISPO DE MIRANDA - Julho de 1545 a 9 de Maio de 1553

D. Toríbio Lopes
– Esmoler da rainha D. Catarina, deão de sua capela. 
Morreu em Lisboa em 1553 aos 9 de Maio, pois era neste dia que na Sé de Miranda se celebrava o seu aniversário (1).
Era natural de Candelario, lugar em terra de Bejar, Espanha, na diocese de Palencia, segundo traz Cardoso, ou de Barrios, junto a Buarcos, conforme os Estatutos (2), com o que concorda a legenda que está no seu retrato no Paço Episcopal de Bragança. Frei Fernando de Abreu, no seu Catálogo dos Bispos de Miranda, segue a opinião de Cardoso relativamente à naturalidade de D. Toríbio, bem como o Santuário Mariano, tomo V, pág. 547.
Entre os castelhanos que de Espanha vieram com D. Catarina para Portugal, quando esta casou com o rei D. João III, foram, além de D. Toríbio e D. Julião de Alva, ambos bispos de Miranda, o padre Rodrigo Sanchez, ao qual também foi oferecido este bispado que não aceitou, mas apenas a pensão de duzentos cruzados nele (3).

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(1) CARDOSO, Jorge – Agiologio Lusitano, ao dia 9 de Maio.Mas na Colecção das Obras Portuguesas do sábio bispo de Miranda e Leiria, D. António Pinheiro, tomo I, p. 113, diz-se que D. Toríbio Lopes assistiu à trasladação dos ossos do rei D.Manuel, sua mulher e de alguns filhos, para a igreja de Belém, em 1557, mandada fazer pelo rei D. João III, em cujas exéquias pregou o mesmo Pinheiro, no que padeceu engano.
(2) Estatutos da Sé de Miranda do Douro, manuscrito existente no Paço Episcopal de Bragança, aos quais vem junto uma lista dos bispos da diocese. O cónego Manuel António Pires, no seu Opúsculo de Considerações Históricas, na parte referente aos bispos, guiou-se por esta lista.
(3) CARDOSO, Jorge – Agiologio Lusitano, ao dia 24 de Abril.
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Sendo por bula do Papa Paulo III, datada de 22 de Maio de 1545, criado o bispado de Miranda, foi nele provido D. Toríbio, que gozava de grande reputação na corte pelas suas letras e virtudes, do qual tomou posse, por procuração, a 14 de Julho do mesmo ano.
A 4 de Novembro de 1545, por carta datada de Évora, concedeu-lhe o rei o título de nobreza com o seguinte escudo, esquartelado no primeiro quartel, em campo azul três estrelas de ouro em roquete; no segundo, em campo de prata, uma palmeira verde com frutos de ouro e assim os contrários; orla vermelha com esta letra de ouro: – Unam petii a Domino hanc requiram ut habitem in Domo Domini. O arquivista Pegado diz que o escudo difere muito desta descrição(4).
A 18 de Novembro de 1545 foi-lhe passada carta de conselho.
A 11 de Outubro de 1546, por carta dada em Santarém, organizou este bispo as dignidades que deviam constituir o cabido.
«Aos 24 de Maio, diz Cardoso (5), se renova todos os annos a memória da dedicação da Sé de Miranda na qual lançou a primeira pedra (nesse dia em 1552 (6)) com grande solenidade e concurso de gente, o famoso doutor Gil do Prado, primeiro deão dela e catedrático de sexta na Universidade de Coimbra, consagrando-a ao mosteiro da Assunção de Nossa Senhora, por ausência do seu fundador» D. Toríbio Lopes.
Parece, continua o mesmo Cardoso, que esta Sé não foi sagrada com os eclesiásticos rituais e cerimónias ordinárias das mais, pois não ficou gravada em pedra e consta somente da seguinte memória que anda no livro da criação da dita Sé, feito pelo bispo D. Julião de Alva, que diz: «A 24 dias de maio de 1552 se pôz a primeira pedra n’esta egreja. Em tal dia se celebrará em cada um anno, com festa duplex, por memoria.

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(4) SANCHEZ DE BAENA – Arquivo Heráldico Genealógico, parte II, p. 98. RIBEIRO, João Pedro – Dissertações Chronologicas, «Dissertação III» , tomo I, p. 117.
(5) CARDOSO, Jorge – Agiologio Lusitano, ao dia 24 de Maio.
(6) Frei Fernando de Abreu diz que o lançamento da primeira pedra foi no dia 8 de Janeiro de 1552 e o mesmo se encontra no Censual de todos os Beneficios do Bispado e na legenda do retrato do prelado na qual diz que tal acto tivera lugar sexcto idus januarii, que corresponde, como é sabido, a 8 de Janeiro. A Lista Manuscrita dos Bispos de Miranda, que tem o cónego da Sé de Bragança António José da Rocha, diz que a primeira pedra se lançou a 29 de Maio de 1552. Esta Lista é manuscrita numa folha de papel almaço.
Eduardo Augusto Vaz de Quina, natural de Argozelo, tem umas Constituições desta diocese e nelas manuscrito um Catálogo dos Bispos de Miranda, de que nos enviou uma cópia o ilustrado prior da mesma freguesia, José Manuel Miranda Lopes, a quem reconhecido agradecemos este favor e vários outros do mesmo género; nele se lê que o lançamento da primeira pedra foi a 4 de Maio de 1552.
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E se tangerão todos os sinos, e haverá procissão ante-missa pela egreja, etc.».
A rainha D. Catarina enriqueceu esta Sé com grande cópia de relíquias que neste tempo lhe vieram de Mogúncia, como consta do Breve do Cardeal Alberto passado a instância de Fernando, rei dos Romanos, in arce S. Martini civitatis Maguntiæ die 27 martii an 1545, que se conservava no arquivo da mesma.
Eis a relação dessas relíquias, segundo Cardoso: «Uma mui preciosa do Santo Lenho em cruz de prata.
Um osso de S. João Baptista.
Uma correa de vara atamarada e pospontada de branco que dizem ser do apostolo S. Pedro.
Dous ossos de S. Paulo.
Uma reliquia de S. Lourenço.
Uma cana de um braço de S. Braz e outra de S. Donato martyr.
Á cabeça de S. Henrique martyr de que se reza duplex em seu dia.
Meia de S. Sempronio.
Um pedaço da de S. Lino, papa, outro da de S. Probo martyr.
Ossos de S. Eustachio, S. Gregorio, Santo Athanazio e S. Spiridonio.
Uma coifa bordada de aljofaz de que uzava Santa Maria Magdalena com um osso da mesma.
Tres de Santa Catharina.
Um de Santa Cecilia.
Casco de Santa Agueda.
Dente de Santa Barbora.
Ossos de Santa Marinha, Santa Bazilia, Santo Abcela e das onze mil Virgens com outros de que se não sabem os nomes» (7).
No Arquivo do Cabido de Bragança há uma colecção de bulas em pergaminho, formando volume, com capas de carneira roxa. A que vem sob o n.º 10 dessa colecção contém as indulgências que o Papa Paulo III, a instância do rei D. João III e para satisfazer a vontade da rainha D. Catarina, «quam singularem gerit devotioni effectum erga ecclesian Mirandensem», concedeu a todos os que, verdadeiramente penitentes, confessados e contritos, visitassem a dita igreja no 3.º domingo de Julho desde as primeiras vésperas até às segundas do dia seguinte e aí recitarem a oração dominical ou a saudação angélica, segundo a intenção da igreja. Estas indulgências são de sete anos e sete quarentenas e mais as que

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(7) CARDOSO, Jorge – Agiologio Lusitano, ao dia 24 de Maio.
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ganhariam se visitassem as Estações de Roma nos dias da Quaresma ou em todos aqueles que estas se podem lucrar. É datada do dia 17 das calendas de Junho de 1549.
Há na mesma colecção, sob o n.º 11, outra bula, datada de 1581, na qual o Papa concede indulgência de altar privilegiado, aplicável às almas dos defuntos, ao da Senhora do Rosário da Sé de Miranda para todas as missas que nele se celebrarem.
D. Toríbio dotou a sua Sé com alfaias de grande valor. «Na administração do seu ofício pastoral foi vigilantíssimo, a sua caridade, extrema, dispendendo com os pobres liberalmente a maior parte das suas rendas.
Ninguém se chegava a ele, com necessidade que não fosse remediado, órfã que não dotasse, viúva que não amparasse. No serviço da igreja era incansável, acudia a todos os ministérios eclesiásticos como qualquer pároco.
Administrava os Sacramentos aos sãos e enfermos e pregava cada dia ao povo a doutrina Evangélica, revestida de suas muitas letras, autorizada de Santos Padres e passos da Escritura Sagrada, em que era muito versado.
Obra sua (entre outras magníficas, em utilidade da república) é a famosa calçada que vai da cidade até à barca do Douro, em que dispendeu considerável fazenda» (8). «Varão Santo, douto e exemplar» lhe chama o Santuário Marianno.
Morreu em Lisboa e ali jaz, segundo Cardoso e o Censual de todos os Benefícios do Bispado; mas os Estatutos da Sé de Miranda, já noutra parte citados, e a legenda do seu retrato, dando-o como morto em Lisboa, dizem que veio a enterrar a Miranda.
Legou à sua Sé considerável fazenda com obrigação de sufrágios por sua alma no aniversário de seu falecimento.

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(8) CARDOSO, Jorge – Agiologio Lusitano, ao dia 9 de Maio. Sobre este bispo ver também ABREU, Fernando de, Frei – Catálogo dos Bispos de Miranda, in «Colecção das Memórias da Academia Real de História», 1721, tomo 1. VASCONCELOS, José Leite de – Estudos de Filologia Mirandesa, vol. 1. Frei Fernando de Abreu, que tinha incumbência por conta da Academia Real da História, de escrever, a dos Bispos de Miranda, pouca atenção prestou a isso. Na citada colecção esboçou o catálogo dos prelados até D. João de Sousa Carvalho, tendo tido todo o cuidado em nos indicar os nomes dos primogénitos, donde deduz a nobreza dos nossos bispos, filhos segundos. Na conferência da mesma Academia, em 28 de Agosto de 1721, que vem na mesma colecção diz: que nada fez ainda, que tem pedido informações, mas que ainda nada recebeu; e na de 20 de Novembro do mesmo ano, confia adiantar muito o seu serviço dos apontamentos que lhe fornecerá o sargento-mor de Bragança (sic) José Cardoso Lopes, homem muito ilustrado.
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Foi também D. Toríbio Lopes quem fez composição com os povos de Bragança sobre o pagamento do voto de Santiago, como consta do alvará régio de 15 de Maio de 1549, que adiante damos por cópia.
O retrato deste bispo e sucessores até D. José Maria de Santa Ana Noronha inclusive,menos o de D.Manuel Pereira de Vasconcelos, encontra-se, a óleo em tela, no Paço Episcopal de Bragança e nela a legenda: D. Turibius Lopes oriundos / de Barrios prope Buarcos ob pre / claras virtutes primus Episcupus / electus est ad hanc dioecesin / instituendam ac instruendam / que a primaciali Bracharensi / segregata fuit regnante in Ec / clesia Pauli III et in Lusitania Jo / anne III primum lapidem in / istam cathedralem Ecc.am jecit / sexto idus januarii anno / Domini M.D.LII obiit / Olyssipone ibique jacet sepultus.

MEMÓRIAS ARQUELÓGICO - HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA

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