Por: Paula Freire
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)
As mães que eu conheço são uma forma de poesia escrita pelos dedos da vida.
Trazem nos lábios o aroma das sílabas quentes, que acolhem e agasalham o colo frágil de todos os filhos que não são seus. E nunca se cansam de serem tanta gente dentro delas, porque têm a ternura nas pontas dos dedos e o corpo inteiro a saber a amor.
Em momento algum se espantam por serem sempre muito e, sem receio da queda, levam-se com asas para onde os corações que amam mais precisam. Mesmo que lhes doa a paciência ou lhes aflijam os dias. E, ainda assim, conseguem inventar, do nada, uma mão cheia de mundos.
Sabem ler a alma dos filhos como se fossem profetas do ontem, do hoje e do amanhã. E podem os olhos andarem-lhes desencontrados, mas conhecem-lhes as letras de cor, como poetas que nunca adormecem. Por isso, são como relógios em movimento, sempre a tempo de preverem o próximo instante.
Sorriem ao sol pelos beijos dos filhos que são sempre gigantes, ainda que sejam muito pequeninos, e dançam a vaidade, com o chão na ponta dos pés, de cada vez que os fazem acreditar que eles são tudo isto e serão ainda muito mais.
São lobos capazes de derrotar olhares de maldade, inveja e cobiça, enquanto caminham muito devagar para não despertar o sono tranquilo dos que nunca lhes moram longe do coração.
Choram, para dentro, todos os segredos íntimos das suas mágoas e amam, para fora, como se as dores fossem flores. Entretanto, rezam ao vento que nunca lhes traga a dúvida, o engano e a desilusão de dias infelizes.
Um dia, com a pele já gasta de tanto frio, no rosto se descobrem árvores cada vez mais frondosas, de muitos ramos abraçados com uma só mão. Esqueceram a lembrança do que elas próprias foram, mas leem-se como um antigo álbum de fotografias cheio de memórias.
Dos olhos escondem a palavra adeus que jamais pronunciaram, mesmo no interior dos seus silêncios. A razão porque qualquer último abraço é sempre a promessa de um futuro que sabem que acontecerá.
Assim, soletram a dor no canto escondido do peito e inventam nomes diferentes para o medo, porque nunca aceitam vazios nem conhecem o final de nenhuma página.
As mães que eu conheço, são passos de corpos anónimos que nos cruzam, todos os dias, escritas desse infinito que só um ser tão nobre consegue preencher.
Trazem nos lábios o aroma das sílabas quentes, que acolhem e agasalham o colo frágil de todos os filhos que não são seus. E nunca se cansam de serem tanta gente dentro delas, porque têm a ternura nas pontas dos dedos e o corpo inteiro a saber a amor.
Em momento algum se espantam por serem sempre muito e, sem receio da queda, levam-se com asas para onde os corações que amam mais precisam. Mesmo que lhes doa a paciência ou lhes aflijam os dias. E, ainda assim, conseguem inventar, do nada, uma mão cheia de mundos.
Sabem ler a alma dos filhos como se fossem profetas do ontem, do hoje e do amanhã. E podem os olhos andarem-lhes desencontrados, mas conhecem-lhes as letras de cor, como poetas que nunca adormecem. Por isso, são como relógios em movimento, sempre a tempo de preverem o próximo instante.
Sorriem ao sol pelos beijos dos filhos que são sempre gigantes, ainda que sejam muito pequeninos, e dançam a vaidade, com o chão na ponta dos pés, de cada vez que os fazem acreditar que eles são tudo isto e serão ainda muito mais.
São lobos capazes de derrotar olhares de maldade, inveja e cobiça, enquanto caminham muito devagar para não despertar o sono tranquilo dos que nunca lhes moram longe do coração.
Choram, para dentro, todos os segredos íntimos das suas mágoas e amam, para fora, como se as dores fossem flores. Entretanto, rezam ao vento que nunca lhes traga a dúvida, o engano e a desilusão de dias infelizes.
Um dia, com a pele já gasta de tanto frio, no rosto se descobrem árvores cada vez mais frondosas, de muitos ramos abraçados com uma só mão. Esqueceram a lembrança do que elas próprias foram, mas leem-se como um antigo álbum de fotografias cheio de memórias.
Dos olhos escondem a palavra adeus que jamais pronunciaram, mesmo no interior dos seus silêncios. A razão porque qualquer último abraço é sempre a promessa de um futuro que sabem que acontecerá.
Assim, soletram a dor no canto escondido do peito e inventam nomes diferentes para o medo, porque nunca aceitam vazios nem conhecem o final de nenhuma página.
As mães que eu conheço, são passos de corpos anónimos que nos cruzam, todos os dias, escritas desse infinito que só um ser tão nobre consegue preencher.
Paula Freire - Natural de Lourenço Marques, Moçambique, reside atualmente em Vila Nova de Gaia, Portugal.
Com formação académica em Psicologia e especialização em Psicoterapia, dedicou vários anos do seu percurso profissional à formação de adultos, nas áreas do Desenvolvimento Pessoal e do Autoconhecimento, bem como à prática de clínica privada.
Filha de gentes e terras alentejanas por parte materna e com o coração em Trás-os-Montes pelo elo matrimonial, desde muito cedo desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita, onde se descobre nas vivências sugeridas pelos olhares daqueles com quem se cruza nos caminhos da vida, e onde se arrisca a descobrir mistérios escondidos e silenciosas confissões. Um manancial de emoções e sentimentos tão humanos, que lhe foram permitindo colaborar em meios de comunicação da imprensa local com publicações de textos, crónicas e poesias.
O desenho foi sempre outra das suas paixões, sendo autora das imagens de capa de duas obras lançadas pela Editora Imagem e Publicações em 2021: Cultura sem Fronteiras (coletânea de literatura e artes) e Nunca é Tarde (poesia).
Prefaciadora do romance Amor Pecador, de Tchiza (Mar Morto Editora, Angola, 2021) e da obra poética Pedaços de Mim, de Reis Silva (Editora Imagem e Publicações, 2021).
Autora do livro de poesia Lírio: Flor-de-Lis (Editora Imagem e Publicações, 2022).
Em setembro de 2022, a convite da Casa da Beira Alta, realizou, na cidade do Porto, uma exposição de fotografia sob o título: "Um Outono no Feminino: de Amor e de Ser Mulher".
Atualmente, é colaboradora regular do blogue "Memórias... e outras coisas..."-Bragança, da Revista HeliMagazine e da Revista Vicejar (Brasil).
Há alguns anos, descobriu-se no seu amor pela arte da fotografia onde, de forma autodidata, aprecia retratar, em particular, a beleza feminina e a dimensão artística dos elementos da natureza, sendo administradora da página de poesia e fotografia, Flor De Lyz.
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