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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 8 de outubro de 2023

ONDE SE FALA DE PASTELEIROS EM APUROS E DANÇA DAS PLACAS

 Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Machado de Assis, num dos seus encantadores romances, narra a curiosa história do Sr. Custódio, deveras preocupado com a mudança do regime, no Brasil – Monarquia para República.
O Sr. Custódio mandou pintar no estabelecimento o nome da pastelaria:

CONFEITARIA IMPÉRIO

Com a mudança do regime político, em 1889, ficou preocupadíssimo. Seria afronta à República?!
Para solucionar o intricado problema, pediu parecer a amigo, que lhe sugeriu:

CONFEITARIA DA REPÚBLICA

Mas, o Sr. Custódio não ficou sossegado. Se a monarquia voltasse?
O Imperador era figura grata do povo; Deodato, respeitava Dom Pedro II; o General Hermes da Fonseca, irmão de Deodato, era leal ao Imperador; melhor era repintar o letreiro assim:

CONFEITARIA DO CUSTÓDIO

Nessa época começou no Brasil o "baile das casacas": escritores, militares, jornalistas e artistas, não perderam tempo: louvando "convictos", a República, na ânsia de benesses.
As placas das ruas andaram em roda-viva: a Praça Dom Pedro II, passou a Marechal Deodato; o Largo da Imperatriz, a Quintino Bocaiúva; a Rua da Princesa, Rui Barbosa.
O que aconteceu no Brasil, acontece em quase todo o mundo, em nome da liberdade e da democracia...
Também em Portugal houve caso semelhante ao do Sr. Custódio, só que foi verídico, e não fictício, como o de Machado de Assis.
O proprietário da Confeitaria Nacional, no final do século XIX, foi a França e conheceu o bolo confecionado na "Festa dos Reis"
Trouxe-o para o seu País e deu-lhe o nome de:" Bolo-Rei". Logo os lisboetas o adotaram nas festas natalícias.
Entretanto mudou o regime e os republicanos não gostaram do nome: “Rei".
Mudou-se para: " Bolo de Natal" ou " Bolo de Ano Novo".
No correr do tempo, acalmados os ânimos, voltou a ser: "Bolo-Rei".
Como no Brasil, igualmente, as placas das praças e ruas foram substituídas, na 1ª,2ª e 3ª República.
A Ponte Salazar passou a ser: " 25 de Abril". Hoje, o povo, batizou-a: " Ponte Sobre o Tejo".
O estadista já o previa, quando disse que o nome devia ser aparafusado para não terem trabalho de o arrancarem (Pedro Mexia- Revista Expresso, 10/09/2016.
No Porto, a Rua 31 de Janeiro (coitadinha!) desde que me conheço, uma vez é de Santo António, outra vez de 31, consoante o regime que se instala em Lisboa.
Tudo se fez e se faz em nome da liberdade...e da democracia.

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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