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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

PERFEITO PRETÉRITO IMPERFEITO

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Sob um título aparentemente paradoxal (é perfeito ao declarar-se imperfeito), António Pinelo Tiza brindou-nos com um livro de contos notável. Em “Pretérito Imperfeito” o autor cumpre, na perfeição, o objetivo anunciado na contracapa e, com a qualidade, conhecimento e rigor que lhe são conhecidos e justamente creditados, descreve um passado que, sendo recente, é igualmente milenar e se projeta para o futuro onde se pretende que mantenha a riqueza das tradições que marcam a nossa natureza.
São conhecidos os vários trabalhos do António Tiza nos quais tem vindo a verter o seu vasto conhecimento, profundo, sério e fundado numa pesquisa sã e competente dos largos anos que leva de estudo das tradições nordestinas e das suas ramificações do lado de lá da raia. Em todos ficou a marca de qualidade que o autor de Varge não dispensa. Nesta coletânea, mantendo a sua “marca de água”, brinda-nos com um périplo por todo o Nordeste descrevendo, pormenorizadamente as regras ancestrais das várias, variadas e ricas tradições de cada uma das micro-regiões que constituem o mosaico nordestino, recorrendo ao profundo conhecimento recolhido nos seus múltiplos trabalhos de campo.
A importância desta publicação vai muito para além do inquestionável valor literário. Trata-se de um documento, para memória futura, de variados usos, costumes, crenças, festas e ritos que povoam o imaginário da nossa gente, que lhes ocupam e condicionam a vida, sobretudo nos períodos de mudança, seja de estação, de ciclo anual ou de condição de vida, sobretudo os festejos da chegada à vida adulta em que o autor é um reconhecido especialista.
Ao relato competente e, não raro, visto do interior do grupo pelos olhos quer dos mais conhecedores e experientes, quer dos novos e iniciados, acresce a ficção, em dose adequada, enriquecendo o relato, tornando a sua leitura mais agradável e, inevitavelmente, alargando o público leitor.
Com esta obra, o conhecido etnólogo, estabelece uma marca de consulta obrigatório para quantos pretendam conhecer com profundidade os costumes ancestrais, as suas regras, as suas raízes e a forma como, ao longo dos séculos, as diferentes comunidades souberam preservá-las e, sobretudo, adaptá-las e compatibilizá-las com a grande e profunda religiosidade que igualmente as marca e condiciona. O leitor é ainda brindado com a ficção com que o autor embrulha, com mestria, o legado etnográfico, à mistura com receitas tradicionais tão secretas e laboriosas como a da Amêndoa Coberta de Moncorvo, às mais conhecidas e populares como o galo estufado no pote, da D. Maria e outras que ainda hoje fazem parte da mesa nordestina quotidiana, seja nas casas particulares seja em qualquer dos vários restaurantes regionais, razão, mais que suficiente para entregar ao competente e sabedor gastrónomo Virgílio Gomes, a apresentação da obra, na capital.
Como beneficiário, não só na qualidade de leitor mas também de escritor, deixo público agradecimento ao escritor cuja amizade, contando já mais de meio-século, começou no Seminário Maior de S. José, onde o Tiza se dedicava aos estudos teológicos enquanto eu apenas me iniciava no das humanidades.

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

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