'Burro velho não toma andadura'

Por: João Cameira

(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Desde tenra idade que ando de bicicleta. Ia de bicicleta para a escola e para as atividades lúdicas e desportivas, com um sentimento de responsabilidade e autonomia. Atualmente, gosto de andar de bicicleta em família e como forma de praticar desporto. Além de contribuir para a saúde, ajuda no equilíbrio físico, a refletir, a ver as transformações na Natureza e, quando acompanhado, a fortalecer os laços de amizade e entreajuda.
Mas há uma situação que, sempre que vou andar de bicicleta, me assola o pensamento: como é possível, em pleno século XXI e após tantos anos de sensibilização ambiental, continuar a haver tantos papéis, plásticos, latas, pacotes, maços de tabaco, etc, espalhados nas bermas das nossas estradas!
Estradas que são cada vez mais utilizadas para fins turísticos. Estradas que são percorridas diariamente por cicloturistas. Estradas onde famílias passam de carro e, as crianças, o que observam é bermas transformadas em autênticas lixeiras.
O plástico das garrafas de águas, dos iogurtes líquidos e dos sacos plásticos que ficam nas bermas, com o passar do tempo, libertam micro plásticos que são prejudiciais para o meio ambiente. Os maços de tabaco, os folhetos promocionais, os rótulos das embalagens, muitas das vezes, são impressos com tintas prejudiciais ao meio ambiente.
Será que o lixo, que é valorizável, e que produzimos enquanto circulamos de carro, não pode ser mantido no interior da viatura e convenientemente depositado quando terminarmos a nossa viagem?
Se as crianças aprenderam a separar os resíduos e tiveram um papel chave na sensibilização das famílias, será que os adultos não conseguem seguir o exemplo e aprender com os mais novos?
Teremos que fazer novas campanhas de sensibilização, como as que tivemos em 2010 com o Movimento Limpar Portugal?
Se cada um de nós fizer o que deve, o Ambiente e Portugal agradecem.

João Cameira nasceu em Beja, viveu em Viana do Castelo e Macau, estudou em Lisboa, casou em Bragança e tem dois filhos.

É licenciado em Geografia e Planeamento Regional pela Universidade Nova de Lisboa, com Pós-Graduação em Gestão e Conservação da Natureza pela Universidade dos Açores e Pós-Graduação em Gestão Pública pelo Instituto Politécnico de Bragança.

A sua vida profissional iniciou-se em Vinhais e desde 1999 que trabalha no Município de Bragança, passando pelo Sistema de Informação Geográfica, Divisão de Ambiente e Divisão de Promoção Económica e Turismo. Em 2002 envolveu-se no trabalho voluntário em diversas organizações e entidades, nomeadamente na Azimute, nos Serviços Sociais do Pessoal da Câmara Municipal de Bragança, no Centro Social e Paroquial do Santo Condestável e no Lions Clube de Bragança.

Em 2012 foi seleccionado pela redação do Diário de Notícias e Jornal de Notícias como 1 de 20 portugueses extraordinários no âmbito do desenvolvimento de trabalho voluntário e, em 2018 pela Embaixada do EUA para participar no programa “Entrepreneurship and Strategic Innovation”, no âmbito do International Visitor Leadership Program.