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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Maria Aliseychik

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)


 Quando me cruzei com a Maria nos corredores da Fundação Champalimaud, já lhe conhecia o nome por me ter sido referido, com insistência, no ano anterior ao da sua vinda. O Henrique Veiga Fernandes, um dos mais bem-sucedidos Investigadores da Champalimaud que chefia um grupo de cientistas dedicados à Imunofisiologia na área de investigação em Fisiologia e Cancro, ligou-me várias vezes, no final de de 2020. Tinha identificado uma investigadora, altamente qualificada, especialista em imunologia e estava preocupado com a demora na obtenção da autorização de residência. Queria saber o que se podia fazer para facilitar e aligeirar o processo que estava anormalmente lento. A urgência prendia-se com a oportunidade na colaboração de um projeto, já financiado, a que ela iria dar um impulso significativo e, ao mesmo tempo, ganhar à concorrência pois estava a ser disputada por um prestigiado instituto alemão.
Não foi fácil!
O SEF estava debaixo de fogo e a sua extinção era iminente dificultando todo o processamento que, no passado, apesar de complexo e moroso, tinha uma espécie de via verde, mais simples e direta, para facilitar o acolhimento de imigrantes de reconhecido mérito devido ao alto valor acrescentado que traziam para o nosso país.
A criação da AIMA veio complicar muito a operação anterior, sobretudo neste nicho, muito restrito e seletivo de recrutamento no estrangeiro, mas o tempo demasiado longo de limbo, entre o anúncio da cessação de funções da anterior estrutura e a entrada em funcionamento da nova foi ainda pior. O resultado ficou bem evidente nas centenas de milhar de processos sem resolução atempada e, pior, sem qualquer critério, com prejuízo claro e óbvio para o interesse nacional.
A Maria Aliseychik foi notícia de jornal por ter sido detida, nas instalações da AIMA, algemada e conduzida a uma esquadra por ter reclamado, talvez com demasiada insistência e veemência por se achar envolvida num processo kafkiano em que quando segue o protocolo normal é enviada para o atendimento pessoal e, uma vez aí chegada, é remetida para o procedimento protocolar. Para tornar o processo mais absurdo refira-se que as autoridades portuguesas estão a negar a renovação do visto de residência para visitar um familiar próximo que sofre de cancro a uma investigadora que veio para Portugal com a missão de procurar soluções inovadoras no tratamento de doenças cujos primeiros beneficiados serão os pacientes oncológicos portugueses.
Não há fotografias e muito menos vídeos da intrépida ação dos agentes da autoridade a algemarem uma perigosa cientista a ameaçar a segurança nacional, depois de prejudicar a ilustre pátria lusitana com as suas descobertas, numa tentativa, a seu tempo frustrada por um garboso funcionário de uma agência governamental que logo identificou o risco de dar cobertura a tão funesta agente estrangeira. Não sei qual a razão da não existência de imagens do ocorrido, mas desconfio que os equipamentos de multimédia de um determinado partido, perito em denunciar estas situações estavam todos ocupados em registar o acontecimento do século: o grande líder, munido de uma vassoura de giestas a apagar uma labareda de quase dois palmos de altura que teimosamente consumia a erva seca ao redor do toro de um eucalipto.
Para que precisamos nós de investigadores de topo quando temos heróis deste calibre?


José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia), A Morte de Germano Trancoso (Romance) e Canto d'Encantos (Contos), tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

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