(Colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Há mais de 750 anos, Bragança teve direito à sua primeira carta de feira anual, concedida por D. Afonso III, aquele que tinha o «último Braganção» como Meirinho-mor e como perceptor do infante D. Dinis.
Até ao século XV foram inúmeras as tentativas, por parte dos monarcas, de revitalizar a actividade comercial em Bragança. Tudo aponta, porém, para que as várias vicissitudes pelas quais foi passando a ainda então vila, por entre epidemias ou guerras, permissão não davam a esse almejado desenvolvimento económico.
Decorria o ano de 1455, há precisamente 570 anos, quando o 3º Duque de Bragança, D. Fernando II, que pretendia dar novo alento à vila, solicitou ao monarca, D. Afonso V, autorização para a realização de uma feira franca anual, com a duração de dezasseis dias. Autorização essa que seria concedida, com diversas regalias fiscais e demais privilégios. Não interessa aqui dissecar o diploma régio, ficando, no entanto, este apontamento sobre a vida económica de Bragança, que então havia chegado a «gramde despovoraçam e danefficamento da dita bila». E acedeu o monarca, para «a dita mylhor poborar», que aí fosse realizada a referida feira franca.
Cerca de 11 anos após, seria Bragança elevada à categoria de cidade, o que poderá ser visto como um sintoma de que a revitalização terá sido, de alguma forma, conseguida. O que, presume-se, terá deixado o «nosso» Duque de Bragança, com «sangue bragançano», por via materna, satisfeito. Coincidentemente, nasceria nesse ano de 1455, o filho de D. Afonso V, o futuro D. João II, de tão más memórias para os Duques de Bragança. Porque seria este monarca, menos de 30 anos volvidos sobre a instauração da feira franca aqui trazida, a mandar «limpar o sebo» ao «nosso» Duque de Bragança, D. Fernando II.
Sendo preciso esperar por D. Manuel I para reabilitar a Casa Ducal de Bragança, através de D. Jaime I, 4º Duque de Bragança, filho do referido D. Fernando II, o que solicitou a feira franca para Bragança, há 570 anos. A partir deste Duque, seria uma outra história para a Casa Ducal de Bragança, até se chegar ao seu trineto, o 8º Duque de Bragança, o futuro Rei D. João IV. Sempre com «sangue bragançano» pelo meio. Coisas...
Rui Rendeiro Sousa – Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer.
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas.
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana.
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros.
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

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