Miranda do Douro - Investigadores provam internacionalização da gaita-de-fole mirandesa

Um grupo de investigadores e instrumentistas demonstrou a 21 de Junho em Miranda do Douro a importância além-fronteiras da gaita-de-fole mirandesa, instrumento considerado como um dos «mais peculiares da terra transmontana».
O investigador Jorge Lira disse que, além dos estudos existentes, será agora feito o «enquadramento da gaita-de-fole (mirandesa) no panorama internacional para compreender o contexto do instrumento no seio das Cornamusas (o mesmo que gaita-de-fole) europeias e perceber ao mesmo tempo porque é que o instrumento aparece em outras partes do mundo.
A ideia surge após os 30 anos de investigação realizada por Jorge Lira e que mais tarde se fez acompanhar por outros especialistas para o estudo e inventariação das velhas gaitas e respectivos ponteiros, dos quais estão a ser feitas réplicas fiéis.
Com estes 30 anos de estudo conseguiu-se perceber a importância do instrumento e estabelecer a relação com outros instrumentos de outras partes do mundo.
Os especialistas não colocam de lado que a gaita-de-fole mirandesa e ibérica podem ter migrado para outros pontos do globo durante a época dos Descobrimentos e ser o ponto de partida para instrumentos similares.
«Para perceber quais as relações que a gaita-de-fole mirandesa pode ter com outros instrumentos do seu género, é importante perceber porque é que elas aparecem em outras partes do mundo e as suas datas iconográficas», acrescentou.
Jorge Lira contou que hoje é possível entender através dos cones acústicos, dos padrões tímbricos ou da sua afinação a origem deste peculiar instrumento de sopro, sendo este um trabalho que será efectuado ao longo dos próximos anos.
«Nós já dispomos de instrumentos com mais de 250 anos e podemos relacioná-los com outros de varias partes do mundo e temos a certeza que a gaita ibérica chegou ao Brasil em 22 de Abril de 1500 estando o facto documentado por Pero Vaz de Caminha», referiu.
A conferência que se realizou a 21 de Junho sobre, o tema serviu igualmente para partilhar as últimas novidades em torno da figura mítica do gaiteiro mirandês chamando de ‘Tiu Pepe’, que terá vivido no seculo XIX e que media mais de 1,80 metros, uma altura muito além da média.
Após o estudo de décadas foi possível construir uma réplica da gaita-de-fole do mítico gaiteiro, cujo som foi ouvido agora pelo público pela primeira vez após a sua morte.

Café Portugal/Lusa