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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

… quase poema… ou das redações

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

E o pai chegava e trazia da rua um toro de freixo que durava uma noite ardendo, aquecendo a cozinha e o coração da família.
… e eramos tantos!
Os potes coziam… e a paciência da mãe era infinita… 
...e num tempo antiquíssimo ficaram os melhores sabores do mundo, num tempo de memórias, mas sem retorno.
- O caldo está pronto… louvado seja Deus!
O pobre do mundo também deve estar a chegar e tem que comer e aquecer o corpo desvalido, depois duma longa caminhada por esses infindos caminhos de Cristo. 
- Meu filho tens que estudar… já fizeste as contas e a redação?!
Sim mãe… já estudei… e estudei tanto!.. mas sei tão pouco que quase acredito… que sei muito menos que os nossos vizinhos que adivinham o tempo, interpretam os sinais… conhecem as plantas e os animais e escolhem a lua certa para semear o pão nosso de cada dia.
…eu sei mãe que faço redações que tu gostas… mas depois as palavras não têm o sabor do caldo que cozeu no pote grande… nem do galo que assou no vagar das brasas… são só palavras!
… pronto, meu filho… lê-me lá aquela redação que eu gostos tanto!
- Está bem mãe:
A minha escola está pintada de branco… e tem muitos meninos que brincam na cerca da escola… na minha escola aprendi a ler e a escrever… e aprendi a ser feliz!... eu gosto muito da minha escola|
… que redação tão bonita!
Dizias tu e o teu sorriso era de mãe!

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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