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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

A lenda do Conde de Ariães

A lenda do Conde de Ariães

Num castelo que havia além naquele cabeço, entre Bragança e o Castro de Avelãs, vivia o Conde de Ariães. Naquele tempo só havia ali o castelo e pouco mais. E aqui, em Castro de Avelãs, havia um convento de monges. O Conde de Ariães vivia no castelo com a sua mãe, e tinham lá também uma moça – Alcina era como se chamava – com quem ele andava para casar.
Nessa altura, na Serra da Nogueira havia outro castelo e também outro conde.
Chamava-se Conde Redemiro. Mas era uma pessoa diferente. Era mau. Tão mau que até exigia umas sete ou oito donzelas todos os anos para o castelo dele, para as ter lá ao seu dispor. E tinha muitos ciúmes pela moça do Conde de Ariães. Bem lha queria roubar, mas não podia.
Ora, certa ocasião o Conde de Ariães foi para uma batalha. E quando regressou ao castelo já não encontrou a noiva. A mãe tinha-a deixado raptar numa noite, quando vieram uns, a mando do Conde da Serra da Nogueira, e varreram com ela. E para onde? Para o castelo do Conde Redemiro.
O Conde de Ariães ficou tão aborrecido com a sua mãe que lhe soltou os leões.
E como ela era uma velha, sem forças, já se está a ver o que lhe aconteceu.
Desfizeram-na.
Mais tarde ele arrependeu-se. E foi então pedir aos monges do mosteiro do Castro de Avelãs que lhe dissessem que castigo deveria receber por ter deixado que a mãe fosse devorada pelos leões. E o que lhe disseram eles? Que criasse uma cobra que depois o devorasse também a ele, tal como deixou devorar a mãe. Ele assim fez. Criou uma cobra e sepultou-se com ela num túmulo que ainda hoje existe. E ali foi devorado.
Quando o Conde estava já no túmulo, travou-se uma batalha entre cristãos e mouros na Serra da Nogueira, onde os cristãos mataram o Conde Redemiro, com a ajuda de uma criada que ele lá tinha, e ganharam a batalha. E logo libertaram a moça, a Alcina. Ela fugiu então para o castelo de cá. Só que quando chegou já o conde estava sufocado. Mas ainda travaram palavras, até que ele morreu. E com o desgosto, a moça morreu junto dele.
Dizem também que os ais dela eram tão grandes, que se ouviam nas terras ao redor. E uma dessas terras ficou até com o nome "Grandais", por causa dos grandes ais que se ouviam.
O túmulo do conde está no mosteiro de Castro de Avelãs, onde viveram durante muito tempo os monges beneditinos1.

Fonte: Inf.: Lúcia Gonçalves, de 75 anos; rec.: Castro de Avelãs,
Bragança, 2001.

1 No muro do adro deste mosteiro estão igualmente representados em pedra os leões que devoraram a idosa. Um deles está sem cabeça, o que, na tradição popular, também é justificado: foi o conde quem lha cortou após se arrepender do que aconteceu à sua mãe.

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