Em outubro de 1884 iniciam-se os trabalhos de construção do caminho-de-ferro que, partindo “da linha do Douro e seguindo pelo vale do Tua, termina em Mirandela”. A inauguração concretizou-se no dia 27 de setembro de 1887.
Nesse ano de 1884, já os comerciantes de Bragança, a 15 de abril, haviam representado, à Câmara dos Deputados, “a esperança há tanto tempo afagada, o desideratum há tanto tempo suspirado do prolongamento do caminho-de-ferro de Mirandela a esta Cidade”. Continua a insistir-se. Dias depois há uma representação da Junta Geral do Distrito de Bragança à Câmara dos Deputados a renovar o pedido. Em julho de 1890, é a Câmara
Municipal a representar. Mas os trabalhos só se iniciam em meados de 1903. Vão abrindo à circulação vários troços, até que, a 1 de dezembro de 1906, se procede à inauguração.
Com o caminho-de-ferro, a nova “técnica locomotora” estabiliza a média acima dos impressionantes 35 km/hora – em finais de 1890, Leite de Vasconcelos demora cinco dias entre a Régua e Miranda, a uma velocidade inferior a 5 km/hora. Bragança e o Nordeste ficam mais próximos da “civilização” e dos mercados nacionais e internacionais.
Mais um momento alto no quotidiano da Cidade – uma jornada que se queria inesquecível – que se viveu nesse dia. Não terá sido por acaso que se escolheu como dia maior a importante data do 1.º de dezembro... Houve bodo aos pobres; realizou-se um magnífico cortejo cívico; procedeu-se à bênção do comboio; não faltaram um Te-Deum e uma missa campal; quatro bandas; “iluminações”, “marcha a fogos de Bengala” e ornamentações vieram abrilhantar as festividades. E, sobretudo, houve muita gente. Foi grande a afluência de público. Concretizava-se um desejo, que era um sonho, e materializava-se um grande melhoramento. Além disso, celebrava-se o progresso, essa “nova religião” que só poderia trazer benefícios aos homens. “Nova religião” que, nesta sua celebração festiva, continua a socorrer-se de manifestações que integram rituais e celebrações tradicionais de caráter cívico, a que se juntam elementos da “velha” religião. Na “consagração” de tão importante acontecimento, não faltam cerimónias religiosas promovidas pela Igreja: a poderosa instituição eclesiástica não podia deixar de estar presente com os seus rituais próprios. Quanto ao mais, as manifestações cívicas e os elementos festivos que pontuam as celebrações são os habituais.
Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa
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