Começou por se dizer que o Diabo acabaria por aqui chegar, mas a verdade é que quem acabou por seguir para o exterior da política ativa foi Pedro Passos Coelho. É verdade que acabou por ir para catedrático, embora apenas convidado. Perante aquele falhanço estrondoso, sempre sem que o Diabo, ao menos, de si nos desse um calorinho na zona do vermelho, aí nos surgiram as oportunidades de Pedrógão, depois a de Outubro, há pouco a de Borba, e, infelizmente, a mais recente do helicóptero do INEM, por via do que perderam a vida três portugueses e um espanhol, grande amigo e de há muito.
Dentro do que se tornou habitual nos meios políticos sem eira nem beira, aí nos surgiram notícias a esmo, sempre pedindo responsabilidades, mesmo que doa a quem doer. Ainda sem nada concluído em termos definitivos, de pronto nos surgem corrupios de pré-culpados, sejam concidadãos ou instituições. E, como há muito se percebe, a concorrência entre as televisões encarrega-se de ir destruindo a imagem da estrutura democrática do País, não admirando que os portugueses acabem descrentes quanto ao valor da mesma. A chuva de disparates que se vão podendo escutar ultrapassa, em muito, os anunciados estragos do El Niño.
Lamentavelmente, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa também tem dado, neste domínio, alguma contribuição, sempre apontando, e com veemência, os casos em que, segundo o seu ponto de vista, o Estado tem falhado. Simplesmente, eu nunca lhe ouvi uma tal referência aos fantásticos prejuízos causados a quase todos os portugueses na sequência dos casos BCP, BPP, BPN, GES/BES, BANIF, etc., etc.. Nem lhe escutámos uma preocupação para com os que aplicaram as suas poupanças em tais estruturas e se viram delapidados.
O problema é que BCP, BPP, GEES/BES, BANIF e tudo o resto que se conhece nada tem de estadual, antes de privado. Um privado que se foi movendo por onde pudesse dar lucro. E não deixa de ser simplesmente fantástico olhar o sempre referido caso Madoff, ao mesmo tempo que por cá o que nos é dito é que os casos similares são muito complexos, talvez não vindo a dar em nada... O problema é que nestes casos (quase) nunca referidos pelos nossos detentores de soberania não foi o Estado que falhou, mas sim os interesses privados. Simplesmente, também aqui o calado parece ser o melhor.
E tenho de concordar com a graça de hoje de Alfredo Barroso: se o Estado não para de falhar, será lógico que o representante supremo do Estado deixe as suas funções. A Lógica, de parceria com a cultura e o humor, por vezes, produzem coisas engraçadas, até com um forte fundo de verdade...
Hélio Bernardo Lopes
in:noticiasdonordeste.pt
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