(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)
Onde o voo não mais teve lugar.
Perdidas as batalhas e as guerras
Que o calor da pele te fizeram sangrar.
Bateste os punhos contra a corrente
Ao som crescente de um(a) dó(r) maior!
E agora…
… caído no silêncio das vozes mudas
Desse ritmo que se te afigura tão superior.
Mas sabes…
O que a minha memória apenas guarda de ti
É o rasgo d’um conforto e esperança
Que o teu olhar acolhia
Numa força desbravada de perseverança,
As palavras e os afetos escolhidos
Na palma d’uma mão que abraçava os instantes
E lutava por horizontes julgados já perdidos.
Pintavas as paisagens da vida
com as tintas da razão e o deslumbramento
de um coração inocente de criança
que alimenta todas as expetativas do momento.
Vê :
no outro lado do espelho
O reflexo d’ um horizonte que te parece agora efémero
E pincela com as respostas desse passado,
um futuro ainda vivo, que se perpetue e renasça
nas sombras da emoção transfigurado.
Pois é neste momento
quando as palavras se te perdem e misturam
num sabor duro de marfim,
que te peço, num eco sem fim:
rasga as correntes do labirinto em que te prendes
e resgata esse, afinal, tão nobre Dom de Ti.
Paula Freire - Psicologia de formação, fotografia e arte de coração. Com o pensamento no papel, segue as palavras de Alberto Caeiro, 'a espantosa realidade das coisas é a minha descoberta de todos os dias'.
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