Fotografia de Benjamim Pereira que integra o livro “Caminhos e Diálogos da Antropologia Portuguesa. Homenagem a Benjamim Pereira” DR |
Benjamim Pereira morreu quarta-feira à tarde no Hospital de Viana do Castelo, ao qual tinha recorrido após doença súbita, explicou Clara Saraiva, sua amiga de longa data. Tinha acabado de cumprir 91 anos no dia 25 de Dezembro.
Nascido em 1928, em Carreço (Viana do Castelo), fez parte do grupo de fundadores do Museu Nacional de Etnologia com António Jorge Dias, Ernesto Veiga de Oliveira, Jorge Dias, Margot Dias e Fernando Galhano. “Entre 1963 e 1990, data em que se aposentou, Benjamim Pereira foi responsável pela concepção, execução e montagem de todas as exposições realizadas no Museu de Etnologia”, descreve Clara Saraiva num texto de 2009 apresentado num congresso da APA.
“Uma das bandeiras primaciais do grupo foi a criação de um museu ancorado na investigação”, recordava Benjamim Pereira em 2010 na revista científica Etnográfica. O Museu Nacional de Etnologia nasce formalmente em 1965, embora só em 1975 tenha encontrado a sua casa definitiva, no edifício onde até hoje se encontra, no Restelo, em Lisboa, e que foi projectado de raiz por António Saragga Seabra para o acolher. Foi inaugurado em 1976.
A sua génese, porém, encontra-se na verdade no final da década de 1940 — é em 1947 que se funda o Centro de Estudos de Etnologia, para o qual Benjamim Pereira seria convidado em 1959. A esse grupo de investigação pioneiro junta-se, em 1969, a criação do Centro de Estudos de Etnologia como sendo os alicerces científicos e humanos do futuro museu.
“O trajecto de Benjamim Pereira é indissociável da antropologia e da museologia em Portugal, não apenas pela sua pertença à equipa fundadora do Museu Nacional de Etnologia e pelo trabalho que aqui desenvolveu, mas também pela colaboração intensa” com outros projectos museológicos pelo país, lê-se na Etnográfica.
É autor do projecto etnográfico do Museu da Luz, criado em 2003 para salvaguardar histórias e património cultural daquela região alentejana transformada e parcialmente submersa pela barragem do Alqueva, em cuja recolha trabalhou com Clara Saraiva, e coordenou o projecto de recolha etnográfica do Museu Abade de Baçal, em Bragança, que reabriu renovado em 2006. Colaborou ainda com o Centro Cultural Raiano, em Idanha-a-Nova, com o Museu de Francisco Tavares Proença Júnior ou com o Museu do Canteiro, em Alcains, ambos em Castelo Branco.
Em sua honra foi editado o livro Caminhos e Diálogos da Antropologia Portuguesa. Homenagem a Benjamim Pereira, que nasce de um colóquio de tributo realizado na Fundação Calouste Gulbenkian em Abril de 2010. Foi autor de vários filmes etnográficos, entre os quais A Dança das Virgens (1962), Uma Malha em Tecla (1970), São Bartolomeu do Mar (1970) ou O Linho (1978) — todos com Ernesto Veiga de Oliveira.
Joana Amaral Cardoso
Benjamim Pereira
ResponderEliminarUm dos impulsionadores da Antropologia Portuguesa.
Os meus mais sentido pêsames, por esta muito triste notícia da morte de um amigo de longa data, que, além do mais, escreveu, tão bem sobre a minha terra: Vilarinho da Furna. Manuel de Azevedo Antunes
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