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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 4 de março de 2020

AS RELAÇÕES DE BRAGANÇA COM ESPANHA (1820-2012)

O contrabando neste Distrito faz-se em larga escala. Os principais artigos introduzidos de Espanha, tanto pelo Rio Douro como por outros diferentes pontos da raia seca, são cereais de toda a espécie, gado vacum, aguardente, vinho, tecidos de lã e de seda e carneiras. Este tráfico é a principal indústria de algumas povoações arraianas, tanto de um como de outro país.
(Relatório do Governador Civil do Distrito Administrativo de Bragança, 1857)
Ponte sobre o Rio de Onor, símbolo da multissecular ligação entre Bragança e Espanha
As relações de Trás-os-Montes e de Bragança em particular, com a Galiza e Castela-Leão têm de ser vistas no contexto das relações de Portugal com a Espanha. Durante séculos, os dois países viveram ignorando-se mutuamente, mais por força de acontecimentos e rivalidades históricas da mais variada natureza, do que por razões de natureza geográfica e económica. Esquecendo as origens comuns de povos e culturas pré-romanas que transcendiam significativamente as linhas divisórias que mais tarde vieram a definir ambos os Estados, nomeadamente, no que diz respeito à fronteira que separa Trás-os-Montes da Galiza a Norte, e de Castela-Leão a Leste, a verdade é que, por força das vicissitudes da Reconquista, na Alta Idade Média, Portugal veio a constituir-se como Estado independente, desde cedo revelando uma vocação eminentemente marítima, encontrando no comércio externo o vetor fundamental da sua economia, e no Atlântico o espaço da sua afirmação, da sua sobrevivência, da civilização que forjou, quiçá, da sua razão de ser e de existir como entidade política autónoma.
É certo que, temperando de certo modo essa matriz, Portugal demonstrou uma significativa abertura aos restantes Estados ibéricos, e mesmo à própria Espanha, fundada, como é sabido, na segunda metade do século XV, com os Reis Católicos, que uniram os Reinos de Aragão e Castela.
No que concerne, então, a Trás-os-Montes, as relações económicas, sociais, culturais e religiosas com a Galiza e Castela-Leão mantiveram-se intensas, profundas e duradouras. Cidades e vilas fronteiriças, como Chaves, Vinhais, Bragança e Miranda do Douro animavam tráfegos e circuitos comerciais que ignoravam, praticamente, a fronteira entre os dois países e que iam até Santiago de Compostela, Orense, Zamora, Valladolid, Burgos e Salamanca. Santiago de Compostela exercia sobre os portugueses do Norte de Portugal um profundo fascínio.
Numerosos portugueses estudavam em Salamanca e artistas de Zamora e Valladolid vinham trabalhar para Trás-os-Montes. E às feiras, romarias e festas populares de ambos os países, até ao século XIX, acorriam, de um e do outro lado da fronteira, portugueses e espanhóis.
Mas, foram sobretudo as relações económicas que aproximaram, no século XIX, o Norte de Portugal de Castela-Leão. Não sabemos qual das duas regiões mais beneficiou com este intercâmbio económico. Mas sabemos que no Porto se localizavam as grandes casas comerciais que animaram este tráfego (Bragança chegou a possuir sucursais e armazéns daquelas), e que, portanto, a capital do Norte detinha o controlo de boa parte do comércio desenvolvido entre a sua região e Castela-Leão. E sabemos, igualmente, que as forças vivas do Porto e do Norte de Portugal, como se pode ver através de numerosos relatórios da época, defendiam as “inegáveis vantagens” que viriam para Portugal do estreitamento e fortalecimento das relações de “amizade e boa harmonia” que nos ligavam à nação vizinha, e que os mútuos interesses dos dois países aconselhavam a que se facultasse “na maior escala possível a livre navegação do Rio Douro” às populações de ambos os países.
Quanto a Bragança, a sua localização junto da fronteira, a ausência de boas comunicações com o resto do território português e a sua tradicional dependência de gados e cereais, fez com que as relações com a Galiza e Castela-Leão se assumissem sempre imprescindíveis.

CONTINUA...

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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