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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 15 de março de 2020

O Nosso Umbigo não é o Centro do Universo

Tendemos. Em algumas horas, em certos dias, ou durante muitos anos, todos tendemos a pensar que o nosso umbigo é o centro do universo. Chegamos a pensar que o astro rei sol se ergue no horizonte só por nossa causa, ou só por causa dos nossos pimpolhos e dos pimpolhos dos nossos pimpolhos, que nossos pimpolhos são.

Mas não senhor. Puro engano por menor tempo, por algum tempo, e em certos casos no tempo todo. Quando muito, cada qual é o centro nuclear da pequena porção que vai dos seus olhos à ponta do seu nariz. Quer dizer, nem nisso, porque ás vezes até uns óculos ali temos de dependurar mesmo que infelizmente nem sempre permitam uma a visão global e necessária.

Daí que a História no revele que o ser humano, o único capaz de desenvolver e praticar o sentimento da solidariedade, seja frequentemente capaz também de se evidenciar como uma besta absolutamente pronta para praticar as maiores brutalidades nascidas no mais puro egoísmo.

Quando toca ao salve-se quem puder, apesar de vermos, ouvirmos e lermos, passamos a ignorar. Insanamente esquecemo-nos que quando levam os outros todos, ao nosso lado, no dia em que nos vierem buscar, não existirá alguém por perto para nos ajudar.

Esquece-nos que na cadeia que nos ata a todos os semelhantes, nós e os nossos nem sequer chegamos a ser um mero elo. Somos uma migalha de um conjunto de migalhas que perfazem um todo que não sendo tudo, é boa parte do meio em que vivemos para um dia vir a morrer, pois como se sabe, isto de se estar vivo, ainda um dia acaba mal.

No momento em que se me desenrola este escrito, pairam nuvens negras sobre o céu de toda a terra como se decorresse em pleno uma guerra total conta um inimigo desconhecido, microscópico, mas implacável que não olha a meios nem a condição. O estupor é plenamente democrático. Colhe a eito e a seu jeito.

Perante o danado só nos resta ter mil cuidados, confiar, não fazer ouvidos de mercador aos que as autoridades recomendam, ter calma e ter preocupação em relação aos que rodeiam. Sem exageros, com todo o sendo, com altruísmo e com otimismo que baste e se enquadre.

Contrariamente ao que possa parecer, na guerra, as melhores armas São a humildade e o discernimento para se separar o essencial do acessório, colocando preocupação naquilo que se pode influenciar diretamente e pondo de lado o que é fora de influência direta e/ ou individual.

Perante a tragédia anunciada que nos coube em sorte por estes dias, temos de ser grandes e inteiros, tendo a noção que estando na malha, podemos cair na calha da má sorte só porque estivemos no local e na hora errados com certa pessoa que por azar comum no instante não era a pessoa certa ainda que eventualmente a mais amiga.

Não somos o centro do mundo, ainda que sejamos todo um mundo para alguns. Podemos ajudar a salvar, mas podemos também ser fatais, pois somos todos mortais, mas tendemos a esquecer-nos. Tendemos.
Manuel Igreja

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