Nesta altura, normalmente os magustos e a venda na rua contribuem para ajudar a vender a castanha. Mas, este ano, o fruto fresco não está a ser tão procurado e o preço também baixou perante este cenário. Fortunato Rodrigues é produtor de castanha em Pinela, no concelho de Bragança, e diz que ainda não tem certeza do preço a que vai vender a castanha, mas acredita que não deve superar 1 euro e 20 cêntimos, valor bastante abaixo dos últimos anos. “A temperã foi fácil, teve bastante procura, mas agora esta tem sido mais complicado porque devido à Covid não há gente na rua, há poucos consumidores em fresco e a indústria só quer a pequena e ficamos mais limitados. Normalmente vendo para Itália, mas este ano têm lá a campanha deles a decorrer e estamos mais parados. O preço está muito mais baixo, neste momento falam em 1,20 euros, não será muito mais do que isso”, afirmou.
O produtor explica que há uma grande incerteza em relação ao preço e alguns produtores estão a entregar a castanha mesmo sem saber qual o valor que lhes vais ser pago. “Os produtores entregam-nas sem preço e os compradores recebem-nas”, podendo o valor ser posteriormente definido.
Lindolfo Afonso, produtor de castanha de Espinhosela, tem cerca de 40 toneladas da produção armazenada. Já tentou vender parte a empresas transformadoras e exportadoras, mas ainda não conseguiu. “Está tudo cheio de castanhas, há carros e carros para descarregar. Só daqui a 15 dias é que me arranjariam uma solução, tenho que as armazenar, mudar de sacos, dá muito trabalho e a castanha perde peso, tudo isso são prejuízos para o produtor”, sublinhou.
Carlos Silva, presidente da cooperativa dos agricultores de Vinhais, explica que o agrupamento de produtores de castanha, ali integrado, garante a venda da castanha dos produtores, mesmo com as limitações no mercado, mas admite também que o preço vai ter uma redução significativa, que pode ir de 25 a 50 por cento em relação aos anos anteriores. “Há aqui uma quebra que pode chegar aos 50%. Seria mais fácil se não estivéssemos a passar esta situação, porque os preços seriam diferentes, haveria muitos mercados que agora não estão abertos, o consumo no mercado de frescos está muito limitado, fornecíamos para muitas festas, feiras, alguns magustos, e deixámos de os ter como clientes. Alguns mercados de exportação também estão muito reticentes em adquirir castanha, o mercado, espanhol, francês e italiano estão a comprar muito menos do que nos outros anos”, avançou.
A incerteza a marcar esta campanha de castanha, já que devido à pandemia a procura do fruto em fresco é muito reduzida quer em Portugal quer nos mercados internacionais, muito por causa do confinamento imposto.
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