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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Caretos, vinho quente e bilharacos: Conheça as mais originais tradições de Natal do Norte

 Reproduzidas de geração em geração, as tradições de Natal no Norte servem-se à mesa, em família, mas também se levam para a rua, em celebrações que juntam toda a comunidade.

Foto: Visit Porto - Daniel Rodrigues

Bananas e Moscatel, fogueiras na rua e mascarados atrevidos. Polvo no pote e bilharacos. À mesa, mas também fora de casa, o Norte de Portugal é forte em tradições que se repetem todos os anos e atravessam épocas e gerações. Num ano em que muitas estão em suspenso, recorde as mais peculiares.

Foto: Rota da Terra Fria - Nuno Moreira N16

Entrudo natalício

Em Trás-os-Montes, o entrudo tradicional vive de tradições ancestrais que remontam à era pré-cristã e que, celebrando o solstício de inverno, também se sentem nesta época de Natal. Na vila de Varge, onde os rapazes solteiros se reúnem na véspera de Natal para, no dia 25, correrem a terra vestidos de Caretos, em folia e escárnio, provocando os habitantes com cantigas e escárnio, e que termina com uma festa; Já na aldeia de Ousilhão, em Vinhais, os Caretos saem à rua na celebração da festa dedicada a Santo Estevão (24, 25 e 26 de dezembro). Os mascarados tal como no entrudo, percorrem a aldeia com travessuras feitas a toda a população que lhes abre a porta com mesa bem recheada para os rapazes - boas visitas - e mascarados - considerados pela tradição “maus visitantes”.


Aquecer o Natal com uma boa fogueira

Vários são os locais onde se acendem gigantes fogueiras na noite de Natal para que a comunidade possa conviver à sua volta nas madrugadas frias de dezembro do Norte de Portugal. Manda a tradição que os Madeiros ou Fogueiras do Galo se acendam depois da Missa do Galo e ardam toda a madrugada em diversas vilas e aldeias, principalmente do interior Norte do país. Neste estranho 2020, as regras impõem que cada um desfrute da lareira de casa e do calor da família próxima.

Moscatel e bananas

Em Braga, manda a tradição que todos os anos, no dia 24, os habitantes da cidade se juntem em convívio bebericando um copo de vinho Moscatel acompanhado de… uma banana. Conhecido como “Bananeiro”, o costume não é ancestral. Terá começado há cerca de quatro décadas, perpetuando o hábito de um grupo de amigos que anualmente, a 24 de dezembro, se reuniam numa antiga taberna, chamada “Casa das Bananas”. Como o local era também armazém de fruta, a banana surgiu como acompanhamento natural juntando os dois negócios da casa. A tradição de ir à “Casa das Bananas”, também conhecida como “Bananeiro”, está, em 2020, suspensa, de modo a evitar ajuntamentos mas espera-se que regresse às ruas da cidade na véspera de Natal de 2021.


À mesa: Polvo e bacalhau, bilharacos e vinho quente

Há cem anos atrás, a ceia de Natal era sinónimo de jejum por todo o país… exceto no Norte de Portugal.
A Consoada, ou ceia de véspera de Natal, tinha tradição nesta região, mas sem carne: Bacalhau e polvo integravam, tal como hoje a ementa. Os dois frutos do mar continuam a predominar nas mesas da Consoada. Tanto no Minho como no Douro Litoral, o Bacalhau cozido é rei da mesa, e serve-se também, no almoço do Dia de Natal. Para fazer a “roupa velha” ou “farrapo velho”, cortam-se aos bocados os restos das couves, batatas, bacalhau, ovos e cenoura do dia anterior e aquecem-se num frigideira com azeite. Cabrito e perú, ambos assados no forno, são alternativas.
Já entre Douro e Minho, manda a tradição que o polvo, também cozido, possa substituir o bacalhau, sendo semelhante o acompanhamento.
Também aqui a “roupa velha” vai para a mesa no dia seguinte.
Para aquecer as temperaturas austeras de Trás os Montes e Alto Douro, a ementa da ceia de natal é variada. O Bacalhau e o polvo reinam também nesta região, mas além de cozidos também podem ser fritos. Em alguns locais usa-se ainda pescada ou congo fritos.
Além do “farrapo velho”, ainda em uso, no Dia de Natal são tradicionais os assados de carnes como cabrito, cordeiro, borrego ou perú.


Doces e vinho quente

Aos principais seguem-se os doces, variados e abundantes.
Rabanadas, Filhoses, Arroz doce, Sonhos e Bolinhos de abóbora-menina (na variante Bilharacos) são comuns à várias regiões.
Entre Douro e Minho usam-se ainda os Mexidos, que juntam pão, vinho e frutos secos e, em Trás os Montes, acrescenta-se o Pão-de-ló (seco) e as Farófias (também conhecidas como nuvens chinesas). Nesta região, o Bolo Rei é por vezes substituído pelo Bolo Inglês.
Ao fim da noite é costume beber vinho quente, servido com mel e pau de canela.

Saiba ainda que a mesa deve ficar posta durante toda a noite para que os que já partiram possam saciar-se.

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