Foto: Município de Bragança |
Bragança foi durante séculos um grande centro produtor da indústria da seda, aberta ao comércio externo, perdeu desde 1835 até ao final do século, a oportunidade de se modernizar, ganhar competitividade.
Os serviços, as repartições públicas e as guarnições militares asseguravam muita da atividade comercial.
A escassez de capitais, as elevadas taxas de juro e hipotecas ruinosas não ajudavam ao progresso da economia. Um grupo de investidores criou no ano de 1875 o Banco de Bragança, banco emissor, até ser integrado no BNU, no ano de 1919.
A fragilidade económica de Bragança agravou-se durante a I República face a outras regiões, reivindicava-se a modernização da agricultura.
No ano de 1947, no Grémio da Lavoura, foi deliberado criar a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Bragança.
Importa reter os seguintes dados: A população da cidade no ano de 1900 era de 5310 habitantes e no ano de 2000 de 21074.
No ano de 1947, a área urbana era 0,55 Km2 (Plano de Januário Godinho), em 1963 de 2,95 Km2 (Plano Regulador de Viana de Lima).
No ano de 2009, passados 62 anos Bragança passou a ter o 1.º Plano de Urbanização aprovado, que fixou a área urbana em 15,3Km2, apostando na estrutura ecológica urbana, na mobilidade e integração.
Até ao ano de 1974 foram lentas as transformações nas estruturas económicas do concelho.
No ano de 1920, a mão de obra ativa agrícola ascendia a 72,2%, no comércio a 24,4% e na indústria a 3,4%.
Feita a comparação ao ano de 2011, a situação é a seguinte: atividade agrícola representa 4,8% da população ativa; o setor secundário 16,6% e o setor terciário 78,8%, números que falam por si.
Em termos urbanísticos Bragança cresceu bem, escreveu a Revista Monumentos, no ano de 2011, dedicando o seu último número à cidade de Bragança, referindo-a como uma das cidades portuguesas globalmente melhor estruturadas, sendo Bragança pelo conjunto de monumentos de eleição, pelas suas características, uma cidade de referência no quadro do património artístico nacional.
No ano de 1925 foi criado o Grupo dos Amigos dos Monumentos e Obras de Arte, havia muito a fazer pela renovação da cidade.
Algumas iniciativas tomadas no final da década de vinte e início de trinta criaram ânimo regenerador na sociedade brigantina e nos seus dirigentes.
Nas décadas de 1930 e 1940 aconteceram algumas transformações no espaço urbano de que se salienta: a construção da Avenida João da Cruz, de 1926 a 1946; a inauguração do Museu Regional; do Monumento aos Mortos da Grande Guerra; do Museu Militar; do Seminário de S. José; do Patronato de S. António; do Bairro Social da Estação; do Colégio do Sagrado Coração de Jesus; foi reposto o Cruzeiro na Praça da Sé e demolido o Coreto aí existente; feito o restauro da Domus Municipalis; construído o jardim José de Almeida; no ano de 1939 chegou a rede telefónica.
Desde a década de 1940 até início da década de 1970, o investimento público associado ao Plano de Investimentos do V Centenário foi muito significativo.
Salientam-se: a construção da Praça Cavaleiro; o Trubunal e Casas dos Magistrados; o Palácio das Corporações; os edifico dos CTT, da Caixa Geral de Depósitos e do BNU; os novos edifícios da Escola Industrial e Comercial e do Liceu Nacional; a Escola de Enfermagem; o Lar da Gulbenkian; o Centro de Educação Especial, o Colégio de S. João de Brito; a Escola Preparatória de Izeda; a Pousada de S. Bartolomeu; o aeródromo de Baçal, a variante ferroviária; foi requalificada a Cidadela e as muralhas; o Hospital Regional de Bragança, foi inaugurado no ano de 1973 pelo Presidente da República.
No ano de 1947 foi construído o campo de futebol no antigo Toural, sem balneários, bancadas e vedações em madeira. No ano de 1957 foi decidida a construção de um novo, no Cabeço das Beatas, junto ao Posto Hípico, iniciado no ano de 1973 e concluída a 1.ª fase em 1977.
No investimento privado, a construção da estação de serviço da Sacor e do complexo da Torralta.
O período pós 25 de Abril e início do século XXI marca o crescimento e consolidação da cidade do futuro:
Referem-se alguns factos: Bragança no Século XX, através da imprensa regional 19 As infraestruturas desportivas evoluíram muito, o complexo desportivo do concelho é significativo, destaca-se o estádio municipal, as piscinas e pavilhões municipais, as infraestruturas do Clube Académico de Bragança, do IPB, a que acrescem outras infraestruturas desportivas, na cidade e nas aldeias.
O voluntariado é desde há séculos uma Força Social, de promoção do apoio social e humanitário. Das instituições atuais, a Santa Casa da Misericórdia, a Associação de Socorros Mútuos e a Casa de Trabalho Dr. Oliveira Salazar são as instituições sociais mais antigas do concelho.
Após o ano de 1974, doze novas instituições sociais e humanitárias se fixaram na cidade e mais sete nas aldeia e Vila de Izeda, a que acrescem algumas unidades privadas.
Foi uma grande evolução da Força Social a que o voluntariado dá a solidez que o Estado por si só não conseguiria assegurar.
As condições e assistência hospitalar foram tema no II Congresso Transmontano, no ano de 1941, defendeu-se a melhoria da assistência médica e social, para combater as doenças que afligiam as populações, o carbúnculo, o paludismo, a lepra, a raiva, a tuberculose etc.
Defendeu-se a criação do Ministério da Saúde e Assistência, a conclusão das obras do Hospital de Mogadouro, a construção de um Hospital na Vila de Mirandela e de um hospital Central em Bragança.
No ano de 1943, havia o hospital militar e o hospital da Misericórdia. A resposta de cuidados de saúde primários e hospitalares deu um grande salto, apesar disso, não se pode descurar o investimento em instalações, em meios avançados de diagnóstico e na modernização tecnológica, condições necessárias para fixar recursos humanos qualificados, melhorar os cuidados de saúde.
A indústria nos primeiros três quartos de século, não teve qualquer expressão na produção industrial bruta do País, no ano de 1969 representava 0,2%.
A atividade industrial e as infraestruturas de apoio, ajudaram a mudar a paisagem urbana e a economia, Bragança passou a ser um dos principais concelhos exportadores da Região Norte. No ano de 2002, ocupava o 40.º lugar no ranking dos concelhos ao nível do poder de compra per capita.
No ano de 2011, segundo estudo realizado pelo Prof. Francisco Cepeda, Bragança apresentava os melhores índices de desenvolvimento de entre as capitais de distrito do Interior.
No ano de 1972 foi criada a PRECINORTE, encerrou no ano de 1980. No ano de 1985 foi criado o Núcleo Empresarial da Região de Bragança, que ocupou as antigas instalações da PRECINORTE, adquiridas pela Câmara Municipal.
No ano de 1990 instalou-se a fábrica de metalomecânica Gruning, que chegou a laborar com 190 trabalhadores, foi alienada no ano de 2000, por venda judicial, adquirida pela Câmara Municipal, foi nesse ano vendida à multinacional francesa Faurécia. A instalação desta empresa mudou o perfil industrial e exportador do concelho, atraindo novas empresas exportadoras, fixadas na zona industrial de Mós.
Outros importantes investimentos de empresários locais foram concretizados, na área agroalimentar, sendo exemplo as fábricas de transformação de castanha, as empresas de enchidos e de panificação; na área dos medicamentos, da metalomecânica ligeira, da construção civil e obras públicas, setor que deu grande contributo para a construção do parque habitacional e comercial da cidade e do concelho. A
Câmara Municipal desde o final da década de oitenta até à atualidade tem investido na construção de zonas industriais para acolhimento empresarial – Cantarias, Mós e Carvas, o que muito ajudou no reordenamento urbano e Bragança no Século XX, através da imprensa regional 21 acolhimento de novas empresas.
No ano de 2012 iniciou a construção da 1.ª fase do Brigantia EcoPark, centro de investigação e de incubação para empresas de base tecnológica. O
Comércio e os serviços evoluíram muito, a grande mudança inicia com os retornados, muitos com capacidade empreendedora. A instalação na cidade na década de noventa de quatro médias/grandes superfícies comerciais, alterou o conceito de abastecimento público, com forte impacto no comércio tradicional e de bairro.
O comércio da cidade aderiu ao conceito de negócio de franchising, o investimento em novas marcas ajudou à modernização do comércio.
Na década de 2000, a parceria entre a Câmara Municipal e a ACISB, deu origem à maior renovação de sempre, no comércio tradicional do Centro Histórico e em geral do espaço público.
A atividade comercial evoluiu ao longo das novas avenidas, rompendo com a visão do comércio centrado no Centro Histórico.
Na transição do milénio, a cidade deu um grande salto em termos ambientais, no final da década de 1990, a limpeza urbana era muito deficiente, os resíduos sólidos urbanos eram recolhidos de forma indiferenciada, depositados em lixeiras a céu aberto, junto ao cruzamento de Donai e nas proximidades da Quinta das Searas, no tempo seco, os plásticos, pneus e cartões ardiam com frequência, as colunas de fumo negro marcavam a atmosfera.
As lixeiras foram encerradas e seladas, os lixos transportados para unidade de tratamento e valorização.
No ano de 1997, os esgotos da cidade corriam diretamente para os rios Sabor e Fervença, a cidade estava de costas para o rio. Foram feitos os investimentos de canalização e tratamento dos esgotos, o mais avançado possível. A frente ribeirinha, após despoluição ganhou nova vida com investimentos de requalificação.
Na transição do milénio foi lançada uma grande operação de requalificação urbana e ambiental da cidade, foram construídas novas avenidas, jardins, parques urbanos, a plantação maciça de árvores, Bragança ganhou nova imagem, a de cidade verde, amiga do ambiente, já não contava só com a sua envolvente natural, as serras de Montesinho e de Nogueira.
A cidade é um exemplo de limpeza e de responsabilidade ambiental, na área rural recuperou passivos das antigas minas de volfrâmio.
Passou a ostentar a Bandeira Verde ECOXXI, a ocupar lugares cimeiros na classificação entre cidades, ao nível da qualidade de vida e bem-estar, a conquistar prémios, como Cidade de Excelência, Ecologia Urbana 2009, Excelência em Inovação 2013.
A apresentação decorreu dia 2 de maio de 2021, é autor do livro o ilustre Bragançano Prof. e investigador Francisco Terroso Cepeda, a edição foi oferecida pelo autor à Câmara Municipal.
Pediram-me que partilhasse de forma mais alargada esta reflexão, que não uma investigação, por não ter essa qualidade, o que me propus fazer. A obra envolve milhares de textos escritos, sobre temas muito diversos, em épocas políticas distintas, o que me levou a escolher o formato de uma viagem ao longo do século XX, sem ter que seguir uma ordem temática ou cronológica.
Agrupei quarenta assuntos em cinco pontos:
1 - Acontecimentos que marcaram a sociedade brigantina;
2 - Grandes dificuldades e ameaças;
3 - Mudança da paisagem rural do concelho;
4- Mudança da paisagem urbana e evolução das estruturas sociais e económicas;
5- A imprensa em Bragança no século XX.
Nota do Diário de Trás-os-Montes:
Esta reflexão tem 23 páginas, dado o seu interesse e para ser mais fácil de ler, decidimos publica-la em 5 crónicas.
Desta vez publicaremos o primeiro assunto e assim faremos durante as próximas 5 semanas.
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