A artista afogou-se na sua arte durante este tempo atípico e confessou que foi a sua salvação, depois de ter ultrapassado uma complicação de saúde.
“Na maior parte daquelas pinturas há sempre um olhar que nos interroga, sobretudo são grandes interrogações. Uma interrogação ligada à inquietação. Foram obras feitas com sentimento de urgência, eu tinha de as fazer”, contou.
Para além da pandemia e dos rostos escondidos pelas máscaras, Graça Morais teve ainda como inspiração a Capela Sistina, em Itália.
“O único ato voluntário que eu fiz foi olhar com muita atenção para a recuperação da capela sistina de Miguel Ângelo e recuperei algumas figuras que trouxe para as minhas pinturas. Sobretudo aquelas pinturas mais dramáticas que estão naqueles desenhos grandes dos migrantes, na capela sistina há cenas muito duras, muito difíceis muito dramáticas e eu comecei a olhar e a ler e percebi como a humanidade continua a mesma”, referiu.
A exposição conduz ainda os visitantes a uma sala que se distingue de todas as outras e que relembra a infância da artista. Os jornais, a sua fonte de informação, mas também de inspiração, forram as paredes do espaço. Segundo o curador da mostra e director do Centro de Arte Contemporânea, Jorge da Costa, esta sala é um projecto inacabado.
“Nós quisemos também desafiá-la a apresentar, a partir de uma sala coberta na totalidade de jornais, a fazer intervenções sobre esses mesmos jornais. Essa sala é hoje uma espécie de gabinete de artista e ao mesmo tempo uma espécie de projeto ‘work in progress’, ou seja, cada vez que ela vier ao centro de arte contemporânea nos próximos tempos vai continuar essa mesma intervenção, portanto é uma obra em aberto”, explicou.
A exposição “Inquietações” de Graça Morais vai estar patente no Centro de Arte Contemporânea até 23 de Janeiro. Na inauguração foi ainda formalizada a doação de mais 69 obras da artista ao espaço que lhe dá nome.
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