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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 2 de outubro de 2022

Novo relatório mostra que a vida selvagem regressará se lhe dermos espaço para recuperar

 Ursos, bisontes, castores, lobos, linces, águias e baleias estão entre os animais que poderão regressar à Europa de forma mais consistente, revela um relatório que analisou 50 espécies europeias. Muitas delas têm vindo a voltar nos últimos 40 a 50 anos.

Foto: Anja Odenberg/Pixabay

O relatório “ European Wildlife Comeback”, divulgado a 27 de Setembro, descobriu que as populações de algumas espécies selvagens europeias aumentaram – tanto em tamanho como em área de distribuição – nos últimos 40 a 50 anos.

Encomendado pela Rewilding Europe e compilado pela Sociedade Zoológica de Londres, Birdlife International e pelo Conselho Europeu para o Censo das Aves, o relatório é uma actualização de um outro publicado em 2013, “Wildlife Comeback in Europe“.

Dos mamíferos abrangidos por este novo relatório, o castor-europeu (Castor fiber), a foca-cinzenta (Halichoerus grypus) e o bisonte-europeu (Bison bonasus) registam os regressos mais expressivos.

Quanto às aves, o ganso-de-faces-brancas (Branta leucopsis), o grifo (Gyps fulvus), a garça-branca-grande (Ardea alba) e o pelicano-crespo (Pelecanus crispus) também estão a recuperar bem.

Segundo os autores do relatório, entre as razões para estes aumentos populacionais estão a protecção legal através das directivas europeias Aves e Habitats, as alterações nas políticas e no uso dos solos, e a gestão e conservação de espécies, incluindo o rewilding.

O lobo-cinzento (Canis lupus), por exemplo, está a recuperar em várias zonas da Europa e a recolonizar áreas onde os humanos permitem a sua presença. A União Europeia está a encorajar fortemente a coexistência entre lobos e humanos oferecendo financiamento para medidas de prevenção como vedações e cães de gado, bem como para compensações aos agricultores e criadores de gado pela predação do lobo. Depois de décadas de declínio, as populações europeias de abutres também estão a recuperar, em larga medida por causa de alterações à legislação da União Europeia e a projectos de conservação e gestão intensiva.

“Este relatório mostra que a conservação da natureza resulta, que ainda é possível salvar espécies ameaçadas. Em Portugal temos o exemplo disso com o priolo, uma ave que só existe nos Açores, e que conseguimos salvar da extinção, e com a Berlenga, onde conseguimos restaurar o ecossistema natural da ilha para que ela volte a ser um refúgio para as aves marinhas”, diz Domingos Leitão, diretor executivo da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).

Estas recuperações actualmente em curso e descritas neste relatório são “encorajadoras”. Contudo, uma análise aprofundada mostra que o regresso da vida selvagem à Europa ainda é altamente frágil. As populações de algumas espécies, incluindo a lontra-europeia (Lutra lutra) e o abutre-preto (Aegypius monachus), têm vindo a diminuir.

Além disso, os resultados deste relatório precisam de ser vistos no contexto de grandes contracções históricas nas áreas de distribuição de muitas espécies.

Olhando para o futuro, os autores do relatório consideram ser crucial compreender por que razão algumas espécies estão bem para que possamos dar a todas as espécies as melhores oportunidades para conseguirem regressar e adaptar-se a factores externos como as alterações climáticas.

“Este novo relatório não só tornar mais claro que espécies selvagens europeias estão a recuperar bem mas também por que razão estão a recuperar”, comentou Frans Schepers, director-executivo da Rewilding Europe.

“Ao aprendermos com as histórias de sucesso conseguimos maximizar o regresso da vida selvagem por toda a Europa. O relatório também mostra que devemos trabalhar muito e em muitas frentes para manter esta recuperação e para permitir que mais espécies beneficiem de tudo isto”.

Hoje, muitas paisagens europeias estão completamente desprovidas de vida selvagem. E quando a vida selvagem começa a regressar, enfrenta vários desafios. Isto acontece em particular com grandes carnívoros como os ursos e os lobos, muitas vezes entendidos como uma ameaça para as pessoas e outros animais.

Ainda assim, os benefícios da recuperação da vida selvagem ultrapassam em muito os prejuízos, defende o relatório. “Acelerar e expandir o regresso da vida selvagem à Europa pode melhorar a saúde e funcionamento de ecossistemas inteiros, trazendo um grande pacote de benefícios para a natureza e para as pessoas, desde a melhoria das economias rurais através da observação da vida selvagem à melhoria da saúde e do bem-estar.”

Os autores do relatório defendem que existem “oportunidades entusiasmantes para adoptar abordagens de rewilding”.

Para assegurar o regresso da vida selvagem é crucial “uma protecção legal mais forte, um reforço da conectividade das paisagens, esforços para melhorar a coexistência entre humanos e vida selvagem, mais monitorização e investigação e mais translocações de animais”. E todos têm um importante papel a desempenhar, desde cientistas a empresários e cidadãos.

Helena Geraldes

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