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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 16 de maio de 2023

2.º BISPO DE MIRANDA - 23 de Janeiro de 1555 a 13 de Agosto de 1559

 D. Rodrigo de CarvaIho ou Rui Lopes de Carvalho (como aponta a Chorographia do Padre António Carvalho da Costa e Viterbo(9)) – Doutor em ambos os direitos com fama de grande jurisconsulto, cónego de Évora e na mesma cidade inquisidor, passando depois ao conselho geral da Inquisição.
Natural de Lamego,morreu em Bornes, concelho de Macedo de Cavaleiros, a 13 de Agosto de 1559, sendo o seu cadáver transportado para Coimbra.
Era irmão de D. Henrique de Carvalho, comendatário de Refojos de Basto, e de Sebastião de Carvalho, cónego de Évora, todos filhos de Martim de Carvalho Rebelo, fidalgo e contador da Fazenda Real na comarca de Lamego, da nobre família dos Rebelos deste reino, e de sua mulher D. Inês Borges, filha de D. Diogo Borges, que também foi comendatário de Refojos de Basto(10).
Simões de Castro(11) diz que foi este o primeiro bispo de Miranda, no que se enganou, como vimos, pois é o segundo. Também em algumas Constituições do Bispado de Miranda, de D. Julião de Alva, se encontra manuscrita uma lista dos seus bispos, mencionando-se como 

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(9) VITERBO – Elucidário, artigo «Conde Palatino».
(10) ABREU, Fernando de, Frei – Catálogo dos Bispos de Miranda.
(11) CASTRO, Augusto Mendes Simões de – Guia Histórico do Viajante em Coimbra, 2.ª edição,
1880, p. 115.
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segundo nesta dignidade um tal D. Eusébio que nos parece nunca ter existido, apesar de que Sepúlveda(12) deve ter contado com o seu pontificado para chamar a D. António Pinheiro o quinto bispo de Miranda, quando na verdade é o quarto, excluído o apócrifo Eusébio. D. Rodrigo da Cunha (13) não o nomeia por bispo de Miranda, e igual opinião seguiu Cardoso, ao dia 13 de Fevereiro, que depois reformou no tomo III do seu Agiologio. A lista dos Bispos de Miranda, do Santuário Mariano, tomo V, pág. 546, também não aponta Eusébio.
Foi abade das igrejas de Santa Maria de Lijó e S. Pedro de Goães, no arcebispado de Braga, por apresentação do rei D. João III; cónego de Évora, feito pelo cardeal infante D. Afonso, que muito o estimava, chegando a nomeá-lo seu desembargador; foi um dos quatro conselheiros ou deputados que elegeu em 1536 D. Diogo da Silva, primeiro inquisidor geral de Portugal, para despachar os negócios do Santo Ofício e depois inquisidor em Coimbra e bispo de Miranda.
Em 1546, segundo diz Silvestre Ribeiro (14), ou 1543 como aponta Fernandes Tomás (15), fundou o doutor Rui Lopes de Carvalho, com autorização régia e pontifícia, pelo que é digno de perdurável memória, na Universidade de Coimbra o Colégio dos Clérigos Pobres, também conhecido por Colégio de S. Pedro, ao qual deu Estatutos por onde devia reger-se, em 1551, à imitação dos colégios de Salamanca, não sendo ainda bispo de Miranda, ao contrário do que afirma Silva Leal (16), anexando-lhe para custeamento das despesas as igrejas de Santa Maria de Lijó e S. Pedro de Goães, em que era abade, autorizado por diploma do núncio e legado a letere em Portugal, Luís Lipomano, de 1 de Agosto de 1545, confirmado em 1549 pelo Papa e permissão régia, a cujo padroado as igrejas pertenciam.

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(12) SEPÚLVEDA, Francisco Xavier Gomes de – Novena da Santa Natividade da Virgem Maria Senhora Nossa, p. 11.
(13) CUNHA, Rodrigo da – História eclesiástica dos Arcebispos de Braga.
(14) RIBEIRO, Silvestre – História dos Estabelecimentos Literários, Científicos e Artísticos de Portugal, vol. 1, p. 123, onde podem ver-se as condições do funcionamento deste colégio. SANTA MARIA, Francisco de, Frei – Ano Histórico, vol. II, p. 506.
(15) TOMÁS, Aníbal Fernandes – Os Ex-libris Ornamentais Portugueses. Porto, 1905, p. 60.
(16) LEAL,Manuel Pereira da Silva – Discurso Apologético, Crítico e Histórico a respeito do Pontifício Colégio de S. Pedro. Portugal – Dicionário histórico, artigo «Lopes de Carvalho», onde coloca a fundação do colégio em 1540; ali insere a biografia deste bispo. É também este o ano que dá para a fundação do colégio a História Eclesiástica de Lamego, p. 243, onde se encontram algumas notas biográficas referentes a este bispo.
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Os Estatutos dados pelo bispo fundador ficaram manuscritos e vigoraram até ao ano de 1600.
Mais tarde, o rei D. Sebastião, sendo reitor da Universidade D. Jerónimo de Menezes, bispo do Porto, obteve do Papa Pio V, por bula de 1571, que este colégio se reformasse no sentido de nele serem admitidas pessoas eclesiásticas ou seculares para o estudo da teologia, direito civil e canónico. Posteriormente ainda sofreu novas reformas.
Este colégio, a que o seu benemérito fundador fez doação também de muitos dos seus bens patrimoniais, foi um dos mais célebres não só de Portugal, mas também do orbe católico(17).
O Portugal – Dicionário Histórico, artigo «Coimbra» (conventos de), diz que este bispo também fundou o de S. Francisco, para terceiros franciscanos, por outro nome chamado de S. Boaventura e vulgarmente dos Venturas, na rua Larga, que depois serviu para casa de retenção dos académicos e posteriormente para escola de instrução primária.
O túmulo deste bispo, diz Simões de Castro, que era lavrado de vistosos ornatos, estava na igreja do Colégio, sita na rua de Santa Sofia. Em 1860, por ocasião de ser profanada esta igreja e convertida em teatro, foi retirado com intuito de ser depositado no Museu dos Arquitectos em Lisboa, mas a Câmara Municipal de Coimbra pôde conseguir que fosse para o Claustro do Mosteiro de Santa Cruz da mesma cidade, onde actualmente se encontra. Contém a seguinte legenda: Hic jacet Dominus / Rodericus de Car / valho, Episcop. Oli / Mirandensis. Hujus / Collegi fundator / obiit in episcupatu / 13.º die mensis augusti / anno Dñi. 1559. cujus ossa / in hoc collegium / deducta fuere die / 20 octobris anno Dñi... (18)
O doutor Rui Lopes de Carvalho teve o título de conde Palatino, que em Portugal, nos séculos XIV e XV, se dava aos lentes jubilados (19).
Azevedo(20) diz que Rui Lopes de Carvalho teve a nomeação de cónego de Évora em 1557, no que padeceu evidente engano, segundo se vê pela bula do seu provimento no bispado de Miranda, de Júlio III, de 23 de Janeiro de 1555, que se encontra no Maço 30 de Bullas n.º 17,

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(17) LEAL, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, artigo «Lamego».
(18) CASTRO, Augusto Mendes Simões de – Guia Histórico do Viajante em Coimbra. O autor do Ano Histórico também refere a morte deste bispo como sucedida em 1559.
(19) VITERBO – Elucidário, artigo «Conde Palatino». A propósito deste bispo ver também Évora Gloriosa, tomo I, p. 330.
(20) AZEVEDO, Joaquim de – História Eclesiástica da Cidade e Bispado de Lamego, 1877, p. 243.
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no Arquivo do Tombo.
A tela que contém o seu retrato no Paço Episcopal de Bragança aponta esta legenda: D. Rodericus de Carvalho / natus Lameci obiit in loco de / Bornes hujus Diocesis Miran / densis unde fuit translatus / Collimbriam, ubi edificaverat / collegium Divi Petri.

MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO - HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA

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