Os inventores da fotografia (parece que foram mais do que um) deviam ser, já não digo canonizados, mas incluídos na lista dos dez maiores benfeitores da Humanidade. Digo-o com todo este entusiasmo, porque poucas coisas me dão tanto prazer como passar uma boa meia hora a tombos com a minha colecção de fotografias, que reputo um dos meus maiores tesouros. Refiro-me em especial a fotografias antigas, tão tagarelas elas são no seu preto e branco ou no seu sépia.
Quando os afazeres me consentem (ou quando me exigem) uma pausa, e se estou para aí virado, ponho-me a reviver o passado que as fotografias generosamente me devolvem. Passo então uma meia hora de apaziguamento, pingada de comoção. Não precisam de ser fotografias minhas ou dos mus familiares. Basta que tenham para cima de 50 anos e o assunto seja de preferência (mas não necessariamente) relacionado com a vila (hoje senhora cidade) de Macedo de Cavaleiros.
Hoje tive uma dessas meias horas de encantamento. Passei em revista pela enésima vez uma das minhas pastas preferidas. A certa altura surgiu a fotografia que mostro e dedico aos meus Amigos FB de Macedo de Cavaleiros, juntamente com o desafio: Quem são eles? Posso adiantar que eram quatro cidadãos populares aí pelas décadas de 40, 50, 60 do século passado. E já agora: Onde foi tirada a fotografia?
Desistem? Pois bem. eu digo. Começando pelo cenário (que já não existe): O edifício que eles tapam era a central eléctrica, ou simplesmente a Central, no Prado de Cavaleiros — a última construção que havia na saída para Bragança. A Central... Parece que ainda estou a ouvir o chape-chape do motor a gasóleo, que alumiava a vila até à meia-noite, mais tarde até às duas da manhã, vigiada pelo Sr. Zé Velhinho e pelo Sr. Albino Beiça...
E agora os quatro figurões. Da esquerda para a direita:
José Pires Peito (o Zê), que veio dos lados do Vimioso (Campo de Víboras, se não erro) instalar-se em Macedo, onde foi chofer de praça, mais tarde comerciante. Figura muito popular, com um sotaque pronunciadamente carção, sempre “calmo e sereno”, como ele próprio gostava de se definir.
João Mendes, um dos muitos Mendes que havia ao tempo em Macedo. Não recordo em que se ocupava, mas chegou a ter uma taberna à entrada da Avenida da Estação, ao lado direito, próxima do Armazém da Felicidade do impagável Zèzico.
Frederico Capela, comerciante com loja perto da Igreja Matriz. Era o mais sofredor dos adeptos do Clube Atlético, a cujos jogos assistia sempre, sem conseguir parar quieto, devido aos nervos. O Sr. Capela teve o desgosto de perder o único filho, Manuel, num desastre de viação no Porto, onde estudava.
Joaquim dos Santos, o célebre Ramex, que viria a ser o melhor companheiro de pesca que jamais tive. Fui professor de três dos seus filhos. Um deles, o Alfredo, vive na Inglaterra e é meu Amigo FB. Espero que não lhe escape este ‘post’ e lhe cause tanta comoção como a mim próprio.
“Não mais, Musa, não mais” — queixa-se Camões, quase no fecho dos Lusíadas. Peço licença para dizer o mesmo: já tive choques emocionais que baste, ao longo desta evocação do Macedo de outras eras.
Quando os afazeres me consentem (ou quando me exigem) uma pausa, e se estou para aí virado, ponho-me a reviver o passado que as fotografias generosamente me devolvem. Passo então uma meia hora de apaziguamento, pingada de comoção. Não precisam de ser fotografias minhas ou dos mus familiares. Basta que tenham para cima de 50 anos e o assunto seja de preferência (mas não necessariamente) relacionado com a vila (hoje senhora cidade) de Macedo de Cavaleiros.
Hoje tive uma dessas meias horas de encantamento. Passei em revista pela enésima vez uma das minhas pastas preferidas. A certa altura surgiu a fotografia que mostro e dedico aos meus Amigos FB de Macedo de Cavaleiros, juntamente com o desafio: Quem são eles? Posso adiantar que eram quatro cidadãos populares aí pelas décadas de 40, 50, 60 do século passado. E já agora: Onde foi tirada a fotografia?
Desistem? Pois bem. eu digo. Começando pelo cenário (que já não existe): O edifício que eles tapam era a central eléctrica, ou simplesmente a Central, no Prado de Cavaleiros — a última construção que havia na saída para Bragança. A Central... Parece que ainda estou a ouvir o chape-chape do motor a gasóleo, que alumiava a vila até à meia-noite, mais tarde até às duas da manhã, vigiada pelo Sr. Zé Velhinho e pelo Sr. Albino Beiça...
E agora os quatro figurões. Da esquerda para a direita:
José Pires Peito (o Zê), que veio dos lados do Vimioso (Campo de Víboras, se não erro) instalar-se em Macedo, onde foi chofer de praça, mais tarde comerciante. Figura muito popular, com um sotaque pronunciadamente carção, sempre “calmo e sereno”, como ele próprio gostava de se definir.
João Mendes, um dos muitos Mendes que havia ao tempo em Macedo. Não recordo em que se ocupava, mas chegou a ter uma taberna à entrada da Avenida da Estação, ao lado direito, próxima do Armazém da Felicidade do impagável Zèzico.
Frederico Capela, comerciante com loja perto da Igreja Matriz. Era o mais sofredor dos adeptos do Clube Atlético, a cujos jogos assistia sempre, sem conseguir parar quieto, devido aos nervos. O Sr. Capela teve o desgosto de perder o único filho, Manuel, num desastre de viação no Porto, onde estudava.
Joaquim dos Santos, o célebre Ramex, que viria a ser o melhor companheiro de pesca que jamais tive. Fui professor de três dos seus filhos. Um deles, o Alfredo, vive na Inglaterra e é meu Amigo FB. Espero que não lhe escape este ‘post’ e lhe cause tanta comoção como a mim próprio.
“Não mais, Musa, não mais” — queixa-se Camões, quase no fecho dos Lusíadas. Peço licença para dizer o mesmo: já tive choques emocionais que baste, ao longo desta evocação do Macedo de outras eras.
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