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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Sessenta mil!

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Não havia como contestá-lo. Estava claro, explícito e devidamente quantificado na notícia do “Mensageiro de Bragança”, assinada pelo jornalista Francisco Pinto, citando fontes da autarquia: a Feira Medieval de Torre de Moncorvo trouxe 60.000 visitantes aquela vila transmontana!
Sessenta mil! Mais coisa, menos coisa!
Não está em causa o profissionalismo de Francisco Pinto, que conheço há mais de uma dezena de anos e sempre se mostrou fiel às suas fontes. Seguramente recebeu esse número de fonte autorizada da autarquia! A Câmara, de certeza, fez as medições, com rigor e profissionalismo e forneceu à imprensa os dados obtidos. Senti-me orgulhoso da minha terra!
Tudo bem!
O problema era o olhar desconfiado, o sorriso sarcástico, a incredulidade patente de quem, comigo, partilhava a notícia. E que me pedia que, com razoabilidade, justificasse tal número. Tarefa complicada!
Lisboa que tem mais de meio-milhão de habitantes e mais de cem mil camas e um infindável número de restaurantes, cafés, tascas e rulotes. Porém, a chegada de 71.033 participantes na websummit em 2022 esgotou a capacidade hoteleira desregulou o trânsito e trouxe um pandemónio à zona do Parque das Nações que tem dez vezes mais habitantes que a vila de Moncorvo! A maioria dos visitantes veio de avião!
Moncorvo não tem aeroporto, nem cais fluvial nem estação de comboios! Toda a gente chega de carro. Para trazer sessenta mil pessoas são precisos vinte mil carros ou um milhar de autocarros! Com dificuldade conseguem-se alojar em hotéis e pensões mil pessoas e servir, nos restaurantes cinco mil... mas sobram mais de cinquenta mil!
Terão comido na própria feira... Admitindo que sim e que metade trouxe merenda... seria necessária uma mesa de cinco quilómetros para servir os restantes vinte e sete mil, em três turnos, por refeição! Cinco mil metros foi o tamanho da mesa que em 1998 foi montada para servir uma feijoada a 15.000 pessoas, na ponte Vasco da Gama, e foi Record do Guiness!
Para trazer 60.000 almas a Moncorvo seria necessário (segundo os censos) esvaziar completamente as quatro cidades nordestinas (Bragança, Mirandela, Macedo e Miranda) e, mesmo assim, ir buscar 15.000 à vizinha Espanha (em mais de duzentos autocarros) para além de recrutar, nos concelhos vizinhos, mais de 2.500 pessoas!
Promover a nossa terra é valorizá-la, exponenciar-lhe as muitas valências, enaltecer-lhe a história e a monumentalidade, permitir-se mesmo a algum exagero no elogio e no bairrismo, mantendo porém a sobriedade, resguardando a razoabilidade e não lhe destruindo a credibilidade!
Ninguém que goste verdadeiramente da sua terra, muito menos quem, tendo responsabilidades institucionais, fala em nome da comunidade que, politicamente representa, pode expor o património comum à chacota, ao escárnio, à troça, à zombaria, ao sarcasmo e à caçoada de quem ouve ou lê notícias que lhe dizem respeito. Ninguém, muito menos a autarquia, seja por quem for, seja a que título for, pode fornecer para a imprensa dados que propiciem a sua ridicularização!

NÃO, ISSO NUNCA. NÃO!
O RIDÍCULO MATA!

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

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