Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Não havia como contestá-lo. Estava claro, explícito e devidamente quantificado na notícia do “Mensageiro de Bragança”, assinada pelo jornalista Francisco Pinto, citando fontes da autarquia: a Feira Medieval de Torre de Moncorvo trouxe 60.000 visitantes aquela vila transmontana!
Sessenta mil! Mais coisa, menos coisa!
Não está em causa o profissionalismo de Francisco Pinto, que conheço há mais de uma dezena de anos e sempre se mostrou fiel às suas fontes. Seguramente recebeu esse número de fonte autorizada da autarquia! A Câmara, de certeza, fez as medições, com rigor e profissionalismo e forneceu à imprensa os dados obtidos. Senti-me orgulhoso da minha terra!
Tudo bem!
O problema era o olhar desconfiado, o sorriso sarcástico, a incredulidade patente de quem, comigo, partilhava a notícia. E que me pedia que, com razoabilidade, justificasse tal número. Tarefa complicada!
Lisboa que tem mais de meio-milhão de habitantes e mais de cem mil camas e um infindável número de restaurantes, cafés, tascas e rulotes. Porém, a chegada de 71.033 participantes na websummit em 2022 esgotou a capacidade hoteleira desregulou o trânsito e trouxe um pandemónio à zona do Parque das Nações que tem dez vezes mais habitantes que a vila de Moncorvo! A maioria dos visitantes veio de avião!
Moncorvo não tem aeroporto, nem cais fluvial nem estação de comboios! Toda a gente chega de carro. Para trazer sessenta mil pessoas são precisos vinte mil carros ou um milhar de autocarros! Com dificuldade conseguem-se alojar em hotéis e pensões mil pessoas e servir, nos restaurantes cinco mil... mas sobram mais de cinquenta mil!
Terão comido na própria feira... Admitindo que sim e que metade trouxe merenda... seria necessária uma mesa de cinco quilómetros para servir os restantes vinte e sete mil, em três turnos, por refeição! Cinco mil metros foi o tamanho da mesa que em 1998 foi montada para servir uma feijoada a 15.000 pessoas, na ponte Vasco da Gama, e foi Record do Guiness!
Para trazer 60.000 almas a Moncorvo seria necessário (segundo os censos) esvaziar completamente as quatro cidades nordestinas (Bragança, Mirandela, Macedo e Miranda) e, mesmo assim, ir buscar 15.000 à vizinha Espanha (em mais de duzentos autocarros) para além de recrutar, nos concelhos vizinhos, mais de 2.500 pessoas!
Promover a nossa terra é valorizá-la, exponenciar-lhe as muitas valências, enaltecer-lhe a história e a monumentalidade, permitir-se mesmo a algum exagero no elogio e no bairrismo, mantendo porém a sobriedade, resguardando a razoabilidade e não lhe destruindo a credibilidade!
Ninguém que goste verdadeiramente da sua terra, muito menos quem, tendo responsabilidades institucionais, fala em nome da comunidade que, politicamente representa, pode expor o património comum à chacota, ao escárnio, à troça, à zombaria, ao sarcasmo e à caçoada de quem ouve ou lê notícias que lhe dizem respeito. Ninguém, muito menos a autarquia, seja por quem for, seja a que título for, pode fornecer para a imprensa dados que propiciem a sua ridicularização!
Sessenta mil! Mais coisa, menos coisa!
Não está em causa o profissionalismo de Francisco Pinto, que conheço há mais de uma dezena de anos e sempre se mostrou fiel às suas fontes. Seguramente recebeu esse número de fonte autorizada da autarquia! A Câmara, de certeza, fez as medições, com rigor e profissionalismo e forneceu à imprensa os dados obtidos. Senti-me orgulhoso da minha terra!
Tudo bem!
O problema era o olhar desconfiado, o sorriso sarcástico, a incredulidade patente de quem, comigo, partilhava a notícia. E que me pedia que, com razoabilidade, justificasse tal número. Tarefa complicada!
Lisboa que tem mais de meio-milhão de habitantes e mais de cem mil camas e um infindável número de restaurantes, cafés, tascas e rulotes. Porém, a chegada de 71.033 participantes na websummit em 2022 esgotou a capacidade hoteleira desregulou o trânsito e trouxe um pandemónio à zona do Parque das Nações que tem dez vezes mais habitantes que a vila de Moncorvo! A maioria dos visitantes veio de avião!
Moncorvo não tem aeroporto, nem cais fluvial nem estação de comboios! Toda a gente chega de carro. Para trazer sessenta mil pessoas são precisos vinte mil carros ou um milhar de autocarros! Com dificuldade conseguem-se alojar em hotéis e pensões mil pessoas e servir, nos restaurantes cinco mil... mas sobram mais de cinquenta mil!
Terão comido na própria feira... Admitindo que sim e que metade trouxe merenda... seria necessária uma mesa de cinco quilómetros para servir os restantes vinte e sete mil, em três turnos, por refeição! Cinco mil metros foi o tamanho da mesa que em 1998 foi montada para servir uma feijoada a 15.000 pessoas, na ponte Vasco da Gama, e foi Record do Guiness!
Para trazer 60.000 almas a Moncorvo seria necessário (segundo os censos) esvaziar completamente as quatro cidades nordestinas (Bragança, Mirandela, Macedo e Miranda) e, mesmo assim, ir buscar 15.000 à vizinha Espanha (em mais de duzentos autocarros) para além de recrutar, nos concelhos vizinhos, mais de 2.500 pessoas!
Promover a nossa terra é valorizá-la, exponenciar-lhe as muitas valências, enaltecer-lhe a história e a monumentalidade, permitir-se mesmo a algum exagero no elogio e no bairrismo, mantendo porém a sobriedade, resguardando a razoabilidade e não lhe destruindo a credibilidade!
Ninguém que goste verdadeiramente da sua terra, muito menos quem, tendo responsabilidades institucionais, fala em nome da comunidade que, politicamente representa, pode expor o património comum à chacota, ao escárnio, à troça, à zombaria, ao sarcasmo e à caçoada de quem ouve ou lê notícias que lhe dizem respeito. Ninguém, muito menos a autarquia, seja por quem for, seja a que título for, pode fornecer para a imprensa dados que propiciem a sua ridicularização!
NÃO, ISSO NUNCA. NÃO!
O RIDÍCULO MATA!
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
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