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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Os futuros da biodiversidade

 Estima-se que existam entre 5 e 10 milhões de espécies de plantas e animais na Terra. No entanto, apenas cerca de 2 milhões dessas espécies foram formalmente descritas e nomeadas, sendo que entre 30 e 50% dessas estarão ameaçadas.

© André Rolo / Global Imagens

A salvaguarda da biodiversidade é essencial para garantir o funcionamento dos ecossistemas e manter as contribuições da natureza para as pessoas, que delas dependem para a sua sobrevivência e bem-estar. É urgente desenvolver estratégias para acelerar o conhecimento e a produção de dados sobre a diversidade biológica e definir prioridades para a sua conservação, promovendo novas formas de governação que envolvam ativamente as comunidades e reconheçam os limites planetários.

A investigação e as práticas de conservação da biodiversidade, em todas as suas dimensões (espécies, ecossistemas, genética, filogenética, funcional), foram das primeiras áreas do conhecimento a adotar as agendas digitais, uma vez que lidam com grande volume de dados produzidos com diferentes objetivos e por distintos atores, entre os quais: a localização e abundância dos organismos, a sua relação com fatores bióticos e abióticos nas suas áreas de distribuição, a monitorização de espécies e áreas protegidas, a tradução das contribuições da natureza para as pessoas, como os serviços de ecossistema (ex. a polinização ou o controlo de pragas e doenças), os esforços contínuos de catalogação do mundo natural e digitalização de coleções científicas, ou o crescente envolvimento dos cidadãos nos processos científicos de produção de conhecimento, fornecendo informações valiosas para a preservação, monitorização e compreensão do mundo natural.

As ferramentas digitais, incluindo a Inteligência Artificial, aceleram a compreensão da biodiversidade ao simplificarem a recolha, o armazenamento, a análise e a divulgação de dados e possibilitando a análise integrada de grande quantidade de informação para responder a questões biológicas e ecológicas. A utilização rápida e inteligente de grande volume de dados permite aos investigadores descobrir padrões, modelar a distribuição de espécies, seguir tendências populacionais e avaliar o impacto das alterações ambientais e da pressão humana.

A deteção remota desempenha um papel vital na monitorização da biodiversidade, utilizando imagens de satélite e sensores para avaliar a saúde dos ecossistemas, a fragmentação dos habitats ou a distribuição das espécies.

É indiscutível que os ecossistemas proporcionam uma infinidade de benefícios essenciais para o bem-estar humano, pelo que quaisquer esforços de conservação a pôr em prática, serão apenas eficazes com a participação de indivíduos e comunidades. Envolver as pessoas na criação de conhecimento sobre biodiversidade gera sentimentos de pertença e responsabilidade para com o mundo natural. Através de iniciativas de ciência participativa, com a criação de programas educativos abrangentes e plataformas digitais, todos podem contribuir ativamente para a recolha de dados, investigação e esforços de conservação, estimulando uma maior compreensão e apreciação da importância da biodiversidade para um futuro sustentável. Neste contexto, é importante valorizar a diversidade biocultural que realça a interconexão da diversidade biológica e cultural. O reconhecimento e a valorização dos conhecimentos locais e indígenas, das práticas tradicionais e do papel das comunidades na salvaguarda da biodiversidade contribuem para a gestão sustentável dos ecossistemas. Ao integrar as perspetivas bioculturais, podemos promover abordagens de conservação que respeitem a diversidade cultural e reforcem a proteção da biodiversidade para as gerações futuras.

É urgente desenvolver estratégias para acelerar o conhecimento e a produção de dados sobre a diversidade biológica e definir prioridades para a sua conservação.

Estes novos desafios exigem novas formas de governança e o envolvimento das comunidades é crucial. Para responder às suas necessidades e aspirações, é importante fomentar ações de colaboração no sentido de capacitar as partes interessadas, promovendo a cogestão dos valores naturais e desenvolvendo práticas sustentáveis que utilizem dados científicos abertos e respeitem os conhecimentos tradicionais para criar soluções eficazes de proteção da diversidade biológica.

Na Digital with Purpose Global Summit 2023, que vai realizar-se em Lisboa, no final de setembro, os oradores do programa Biodiversity Futures vão abordar o papel das agendas digitais em temas como: big data e biodiversidade, deteção remota, ciência participativa, conhecimento biocultural ou coleções científicas, promovendo o debate e pondo em evidência os desafios globais da biodiversidade.

A agenda digital é estratégica para catalisar os esforços em matéria de conservação, práticas sustentáveis e cooperação global e para conceber e pôr em prática futuros mais auspiciosos para a diversidade biológica e para a vida em geral. A sua implementação é, pois, urgente e exigirá uma forte mobilização da indústria digital para inovar e investir nas soluções necessárias.

Centro de Ecologia Funcional e Cátedra UNESCO em Biodiversidade e Conservação para o Desenvolvimento Sustentável, Universidade de Coimbra;

Cocuradores do programa Biodiversity Futures na Digital with Purpose Global Summit 2023.

Helena Freitas e António C. Gouveia

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