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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 6 de dezembro de 2025

1974 - O ano em que a liberdade se fez canção


 O ano de 1974 nasceu sob o signo da mudança. Durante meses, o país viveu entre a dúvida e a esperança, sem imaginar que, em abril, a liberdade desceria finalmente às ruas, carregada no som de uma canção. A música de intervenção, essa arma feita de palavras e melodias, explodiu nas rádios, nas praças, nas vozes de um povo que começava a acordar.

Canções do Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira e tantos outros poetas da resistência ouviam-se por todo o lado, depois de anos silenciadas pela censura. De repente, “Grândola, Vila Morena” tornou-se símbolo da liberdade, senha de um novo tempo. A música deixou de ser refúgio e passou a ser bandeira, uma bandeira sem cor única, mas feita de vozes, sonhos e coragem.

As praças encheram-se de guitarras e de esperança. Os primeiros festivais e concertos ao ar livre surgiram espontaneamente, sem medo nem repressão. Onde antes se calava, agora cantava-se. Onde antes se marchava em silêncio, agora dançava-se ao som da revolução. As palavras “povo”, “igualdade” e “mudança” deixaram de ser perigosas e transformaram-se em versos, refrões e aplausos.

Era a juventude quem mais sentia o pulsar deste novo país. Os jovens organizaram-se em debates, assembleias populares, associações de bairro e os estudantes em RGA´s, discutiam o futuro, a política, o trabalho, a educação. Falava-se de democracia com entusiasmo e ingenuidade, mas também com uma profunda sede de justiça. As ruas eram escolas improvisadas, os cafés, parlamentos informais. A juventude acreditava, pela primeira vez, que a sua voz tinha peso, e que todas as palavras podiam ajudar a construir uma nação diferente.

Até o corpo e a roupa passaram a ser formas de expressão. O “look” informal invadiu as cidades. Calças de ganga gastas, camisolas com mensagens políticas, cabelos compridos e barbas que desafiavam os velhos padrões de ordem e moralidade. A liberdade não se vestia de uniforme, mas de autenticidade. O espelho de cada jovem refletia uma revolução íntima, a rutura com a rigidez do passado e a celebração de uma identidade livre, crítica e sonhadora.

Nas ruas, o país redescobria-se. As pessoas falavam umas com as outras, sorriam sem medo, partilhavam o pão e a palavra. A esperança corria solta como um vento morno de primavera, e tudo parecia possível. O que antes era proibido agora florescia. Jornais independentes, murais pintados, canções em cada esquina, poesia escrita à pressa nos muros e nos cadernos.

Em 1974,  a música deu voz à revolução, os jovens deram-lhe rosto, e o povo deu-lhe alma. Foi o início de uma nova forma de viver, feita de sonhos, liberdade e dignidade.

Entre guitarras e cravos, entre canções e abraços, Portugal reencontrou o som da sua própria humanidade.

É urgente levar ao dia-a-dia das pessoas o que falta cumprir de Abril. Até relembrar-lhes que “é preciso acreditar”, que é possível um País mais solidário e humano e um mundo melhor para todos… SEM GUERRAS e com "pão" nas mesas de todos!

"Paz, pão, educação, saúde, habitação"...

Obs: A minha solidariedade para todos aqueles que sofreram, e muito, com esta "mudança" inevitável num país que se tinha isolado de todo o mundo civilizado.

HM

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