terça-feira, 13 de novembro de 2018

Falta de legislação continua a ser problema para os cogumelos em Portugal

A falta de legislação para apanha dos cogumelos continua a ser um problema em Portugal.
Uma preocupação reforçada pelo biólogo Carlos Ventura que quer fazer com que essa realidade se altere:

“Vamos ter um encontro nacional de formadores e técnicos de micologia em Aguiar da Beira, daqui a 15 dias. Tentaremos com todos os esforços tentar que haja uma legislação para que possamos, de facto, regular esta atividade que é tão importante para o país. O essencial é que nós, portugueses, possamos ser um país civilizado em termos ecológicos, possamos colher com regras, vender, que não sejam outros países que pouco fazem, a vender cogumelos a 100€ o KG quando nós estamos aqui a comprá-los.

Vamos falar só da parte do comércio em si. Há pessoas que não vêm só para apanhar os cogumelos. O micoturismo em si, o conhecimento, o conhecimento virgem de os ver, sem comer, sem tocar, mas conhecerem a espécie é importante também. Ou seja, seria uma mais valia a todos os níveis.”

Declarações à margem das V Jornadas Micológicas de Vale Pradinhos, em Macedo de Cavaleiros que aconteceram no domingo.

E se em 2017 a quebra na produção rondou os 90%, este ano, graças ao outono chuvoso, o cenário é bem diferente, adianta o biólogo:

“Tivemos aquela fase sem chuva inicial, cerca um mês. Neste momento, a parte de recursos hídricos está a recuperar e o que acontece é que se continuarem a vir dias com temperatura normal, dentro de 4, 5 ,6 dias vem uma explosão fúngica que vai ser o fim do mundo.”

Naquela manhã, os participantes rumaram ao campo para encontrar cogumelos.

Gabriela Santos e Helena Rego são biólogas e participaram pela primeira vez nestas jornadas que consideram ser útil para conhecer as diferentes espécies micológicas:

“Estou encantada, porque conhecemos um pouco mais as espécies, pude ver na prática um pouco mais sobre aquelas espécies que conhecemos mais nos livros. Pude ver, trazer para cá, entender melhor sobre cada espécie. Com certeza voltarei em outras edições. Eu estarei aqui e da próxima vez como uma profissional na micologia.

Foi fantástico por todos os motivos. Pelas pessoas, pela natureza, por tudo que vi, pelos cogumelos.

Aprendi imenso com certeza que sim. Aprendemos sempre. Sim, tenciono voltar nas próximas edições.”

Além da comunidade científica, as jornadas atraíram também vários curiosos amantes de cogumelos, e não só da região:

“Sou um curioso, foi muito bom; podíamos ter encontrado mais espécies, mas a chuva não permitiu que continuássemos. Sou um fã de cogumelos, apreciador da culinária com cogumelos, encontrá-los na natureza.

Adorei, gosto de novas experiências, foi isso que me trouxe a Trás-os-Montes. Adoro cogumelos.

Eu não me arrisco sozinha apanhar os cogumelos, mas gostaria.

É muito bom, a micologia está incluída na minha alimentação porque eu não como carne, então sou obrigado a comer cogumelos. Mas só apanho aqueles que já vêm de tradição de familiares.”

Um encontro que acontece há cinco anos, e que além de ensinar mais sobre cogumelos, ajuda inclusive a salvar vidas, considera Armando Edra, presidente da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Vale Pradinhos, organizadora das jornadas:

“Porque vale a pena, porque salva vidas. Ensina as pessoas a encontrarem espécies diferentes, porque as pessoas conhecem 4 ou 5 espécies e por aí se ficam, então nós ensinamos a forma como procurar os cogumelos, como confecioná-los. Há muito cogumelo que as pessoas pensam que não são bons e que na realidade são. Mas sobretudo é um dia de convívio.”

Além do reconhecimento das espécies encontradas, as jornadas contaram também com uma sessão de esclarecimento sobre os cuidados a ter na apanha e transporte de cogumelos, e terminou com a típica açorda no pote.


Escrito por ONDA LIVRE

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