Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

MANHECENÇA CAIPIRA NO MEU PARAÍSO

Por: Antônio Carlos Affonso dos Santos
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..")
São Paulo - Brasil


O dia nasce sustenido ao cantar do galo
Dos canários, sabiás e pintassilgos, 
Na amoreira rente ao quarto dos meninos.
Ao mugido das vacas com seus bezerros, 
Livres do curral e da ordenha.
E o cocheiro chega à casa,
Com dois baldes de leite;  espumante:
- Muuuuuuuuuuuuuuuhhhh,  reclama
O bezerrinho, ansioso pelo leite escondido da mãe... .
Lá no alto do morro
Do angical enfeitado, veem-se as flores
Do ipê amarelo, repleto de aves,
Que anunciam o tempo de plantar... .
Lá no brejo a saracura pia
Chamando filhotes... .
Na cerca da casa, o cipó de São João florido,
Onde os cuitelos vêm buscar o mel,
Que dividem com as jataís... .
E um bando de quero-quero fazem a fuzarca,
Dirigindo a orquestra da Natureza, que acorda bemol... .
Um bando de urubus fazem círculos no trecho do eito de arroz! 
E os fogo-apagou, fazem voos rasantes,
Com os pardais, rolinhas e tico-ticos,
Rumo ao palhal da máquina de arroz e café,
Do qual se beneficiam, dos quais se alimentam.
Correndo os campos, ouvindo pio choroso das juritis... .
E, ao longe escuta-se o mugir fanhoso, dos bezerros.
E lá no pântano, o coaxar das rãs e da saparia... .
E a eguinha preta, que acabou de dar luz ao potro,
Que se apoia sobre as pernas,  tremelicando... .
Agora, alimentados, espertos e folgazões,
Veem-se no caminho, que atravessa o pântano,
As cotias e os preás, passarem em bandos... .
Uma mamangaba de barriga amarela, que espanta,
Um carneiro, que sai dando cambalhotas,
Em meio aos cabritos e porcos; dando pinotes,
Ouve-se a seguir o trote dos potros em reinações.
E eu, tomo meu fumegante café com leite,  
Com mandioca na manteiga, bolo de fubá e queijo,
E me preparo para ir pescar no córrego,
Mandis, tambiús e lambaris às centenas,
Antes, me refresco naquelas águas cristalinas,
Do córrego do Pântano, o último despoluído... .
Depois, apanho as iscas; minhocas e milho!
À elas acomodo na lata de massa de tomate,
(Algumas, das brabas, tentam sair; cubro-as de terra):
- Quarenta lambaris!!!!!!, depois, volto à casa,
Não sem antes apreciar o meu próprio canto; me espanto,
- Minha terra, Meu paraíso!!!


Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS. Nascido em julho de 1946, é natural da zona rural de Cravinhos-SP (Brasil). Nascido e criado numa fazenda de café; vive na cidade de São Paulo (Brasil), desde os 13. Formou-se em Física, trabalhou até recentemente no ramo de engenharia, especialista em equipamentos petroquímicos.  É escritor amador diletante, cronista, poeta, contista e pesquisador do dialeto “Caipirês”. Tem textos publicados em 8 livros, sendo 4 “solos” e quatro em antologias, junto com outros escritores amadores brasileiros. São seus livros: “Pequeno Dicionário de Caipirês (recém reciclado e aguardando interesse de editoras), o livro infantil “A Sementinha”, um livro de contos, poesias e crônicas “Fragmentos” e o romance infanto-juvenil “Y2K: samba lelê”. 

Sem comentários:

Enviar um comentário