O início da tarde de quarta-feira foram encontrados os vestígios de uma das Torres de Menagem junto ao Castelo de Freixo de Espada à Cinta.
A equipa de João Nisa que há semanas trabalha nas escavações arqueológicas junto ao Castelo, no âmbito do projecto de reabilitação da zona histórica de Freixo de Espada à Cinta, encontrou partes da torre que possivelmente datarão do século XV. “Encontrámos um torreão posterior à primeira barbacã que será de D. João I mas para ser um torreão com troeiras datará de D. João II, D. Manuel ou possivelmente D. Afonso V se for assim tão antigo, mas a documentação medieval quase não existe...”
As expectativas dos arqueólogos foram desta forma ultrapassadas uma vez que os vestígios encontrados ultrapassam neste momento o que se estava à espera. “ Já estamos com quase dois metros de profundidade e pensávamos que só tínhamos as fundações, ou seja a base, mas não temos a base, temos possivelmente umas escadas aqui dentro”, referiu o arqueólogo João Nisa.
A equipa de investigadores está quase há um mês à procura dos vestígios da Torre de Menagem e da muralha do Castelo e depois de um trabalho exaustivo de análise da única planta disponibilizada do local procederam à realização de uma sondagem. Como sublinhou João Nisa, “a planta tem medidas em varas e em palmos e nós fizemos uma coisa que podia não dar certo mas deu, extrapolámos as varas para metros e os palmos para metros ou para centímetros e abrimos uma sondagem e bateu certo com o local da escavação, portanto o Duarte D’Armas era certinho e competente a tirar as medidas”.
O arqueólogo explicou que depois de uma primeira fase para perceber onde poderia estar situada a muralha do Castelo acabaram por descobrir parte de um torreão e o processo agora será mais fácil, disse. “O grande problema era saber onde estava a muralha porque o jardim é muito grande e agora apanhando os torreões torna-se mais fácil. A barbacã é como se fosse uma segunda muralha, mais baixa que a outra e esta pode estar incompleta porque era uma construção mais pobrezinha. A principal função das barbacãs era que as tropas não se aproximassem muito da muralha, sendo, portanto, a primeira barreira de impacto contra o projéctil quando apareceu a arma de fogo”.
Estima-se que a muralha do Castelo e as Torres de Menagem sejam de dimensão imponente o que para uma terra com a dimensão de Freixo não era muito comum, como explicou o arqueólogo João Nisa. “O perímetro da muralha aqui tem de 250 a 300 metros que para Portugal é enorme. Isso aqui em Freixo não se percebe porque os monarcas portugueses, principalmente os medievais, eram muito agarrados ao dinheiro e então é estranho como é que eles foram fazer uma coisa aqui em grande”. As escavações arqueológicas irão continuar por mais três ou quatro semanas que é o prazo de execução deste projeto.
Joana Vargas
in:noticiasdonordeste.pt
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