“O Mundo do Autismo” mais desmistificado

A nível mundial, 1 em cada 160 pessoas sofre de autismo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde.

Um número que parece estar em crescendo, também devido às evoluções no diagnóstico, que foram alterado em 2013. Ainda não se sabe o que provoca esta doença, mas há fatores de vulnerabilidade, conforme explica a psicóloga Charlotte Coelho.

“Apesar das dúvidas que ainda persistem, estão neste momento a ser apontados diversos fatores de vulnerabilidade em relação à doença.

O fator genético tem sido apontado com ligeira proeminência, e encontra-se identificado em cerca de um quarto dos casos de autismo. No entanto, e dentro desses diagnósticos da genética, há incógnitas, onde podemos encontrar diversas mutações em cada caso, não existindo um gene ou uma alteração em específico, como, por exemplo, no Síndrome de Down.”

Declarações à margem da sessão “O Mundo do Autismo”, promovido pela Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas de Macedo de Cavaleiros, onde atualmente há uma criança que sofre de Perturbação do Espectro do Autismo (nova designação adotada). O maior desafio para lidar com as crianças pode estar em saber adequar a intervenção a cada caso.

“A Perturbação do Espectro do Autismo implica, e como o nome indica, um largo espectro de manifestações clínicas.

Penso que o grande desafio com estas crianças é, de facto, a grande variabilidade entre indivíduos, que podem apresentar o mesmo diagnóstico e, contudo, apresentar uma expressão diferente nas manifestações clínicas. Isso quer dizer que a intervenção terá de ser adaptada, não só ao quadro do autismo, mas também em como o indivíduo expressa o quadro clínico.”

Dificuldades também sentidas no seio escolar, revela Irene Gabriel, presidente da Associação de Pais.

“Porque não há ninguém especializado nessa área. Nenhum dos professores que está ligado ao grupo das necessidades educativas especiais tem essa especialização. Por isso, é importante fazer estes workshops e tratar destes temas, ainda mais porque temos o apoio desta psicóloga (Charlotte Coelho), que é da terra e que se disponibilizou para dar apoio. Temos que aproveitar esta ajuda.

Hoje em dia, quando há alguma alteração no comportamento da criança, tende-se a dizer que é hiperativa, que têm défice de atenção ou cognitivo. E isso pode estar, na realidade, a camuflar outro tipo de problemas. É tempo de começar a tratar estes assuntos de outra forma.”

A palestra decorreu na sexta-feira, no Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros.

Escrito por ONDA LIVRE