ainda se continuavam a praticar enterramentos nas igrejas. Quando toma posse o bispo José Alves de Mariz, “continuava o péssimo costume” em muitas povoações. Era tal o vigor da “costumeira enquistada” que, mesmo depois de construídos os cemitérios, “se exumavam os cadáveres… para os soterrar nas igrejas”. Apesar da guerra que o prelado vai travar contra tais práticas, elas ainda se mantinham em 1911. Usos e costumes como estes, considerados obscurantistas e tidos como perigosos para as comunidades, deviam ser erradicados.
O Jornal de Bragança de 6 de fevereiro de 1911 – que revela manifestas preocupações com a saúde pública –, no artigo “Cemitério”, alerta para os perigos desta prática. “A inumação nas igrejas é indispensável bani-la de vez; apagar esta nódoa sanitária que a civilização condena e cuja persistência nem a religião pode aplaudir.”
Implantada a República, ainda se sente a necessidade de doutrinar, na imprensa brigantina, sobre os graves inconvenientes resultantes da inobservância das disposições que impunham o enterramento nos cemitérios públicos. As considerações do articulista vão mais longe: chega a teorizar e a defender, com argumentos científicos, as virtudes da incineração, contrariando, assim, a doutrina da Igreja Católica.
Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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