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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 23 de maio de 2020

A chegar à Flor da Ponte

Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


A Flor da Ponte é um topónimo que sempre me intrigou! Vou dizer porquê. 
É sabido que a casa de pasto do Sr. Joaquim se chamava a Taberna da Flor da Ponte. Mas reparem que a preposição + artigo (da) nos remete para uma situação de pertença. Assim presume-se que a Taberna estava num lugar previamente nomeado Flor da Ponte. A verdade é que sem uma certeza absoluta me parece que é o lugar que toma o nome da Taberna e não o contrário. Da linguagem da minha mãe sempre ouvi que o sítio era; Senhor dos Aflitos ou Ponte do Loreto, ao chegar às grades do Loreto e até à Ponte chamava -lhe Fora de Portas.
Bom, isto é um raciocínio meu, mas creio que o meu amigo Dr. Alexandre Rodrigues nos poderá elucidar. Fica para quando for ocasião.
Mas mesmo com risco de errar parece-me que o referencial primeiro é o vocábulo Ponte. Porquê? Flor é aqui adjetivo pois qualificará a beleza da Ponte, tendo a junção da contração (da) confirmado a denominação. O Senhor Joaquim ter-lhe-á juntado a designação Taberna e outra vez (da) por ser essa a forma mais correta de associar as duas entidades.
Como essa casa foi de certa forma famosa no seu tempo e foi lugar de lazer e sociabilização por largos anos, as pessoas começaram a chamar ao lugar o nome da Taberna e como o hábito faz o monge, o que mais sobrevive historicamente predomina sobre o efémero, resultando que se alterou a antiga designação de Ponte do Loreto que se tornou apenas nisso e não num lugar sem fronteira definida já que o perímetro é bastante largo sendo a nossa mente que o determina.
Quem estudar o caso nos arquivos da Câmara e compare datas que os documento contenham poderá fazer luz neste pormenor.  Até lá continua a minha incerteza.
Ora, passo agora a contar as minhas aventuras por esses lados que em tempos idos foram palco de alguns momentos de alegria e de confraternização que ficaram na memória da garotada e até dos adultos da minha meninice.
Ponto 1) Chegada a Bragança da Volta a Portugal em Bicicleta.
Era verão e a euforia estava no auge. A caravana desde a cabeça do pelotão até ao carro-vassoura estava já na estrada e o calor fazia-se sentir, obrigando a um esforço titânico aos atletas que com denodo porfiavam por vencer o calor e a etapa cujo final estava marcado para a Flor da Ponte no final da Rua Alexandre Herculano em frente à Moagem do Loreto de Alexandre Afonso & C. Ltd. Havia uma faixa de pano fixada por dois cordões nos bordos, presos do lado dos Concelhos e do da Moagem. Tinha inscrita a palavra META e no passeio do lado da Moagem havia uma mesa para os cronometristas da etapa e juízes mais o encarregado de assinalar com a bandeira axadrezada o fim da etapa a todos os que a partir do vencedor se lhe seguissem. E aqui estava o inédito da etapa. O vencedor receberia o prémio correspondente e previamente combinado, mais os beijos das garçonetes, mas o último seria também considerado herói, pois para além de ter conseguido acabar a etapa e ter vencido o calor e a estrada era também um digno atleta que não foi vencido pela fadiga e desalento.
Assim a Comissão de Festas da Cidade decidiu presenteá-lo com um Presunto de alta qualidade de porco criado na Região Bragançana e que premiaria numa decisão inédita e de bom humor o primeiro a contar do fim a cortar a meta em Bragança.
A turma da Caleja, do Loreto, da Vila e de Além do Rio estava toda presente e delirante e o dia só acabou quando nas Verbenas à noite e em ambiente de apoteose foram entregues os prémios aos atletas primeiros classificados e se levantou o formoso presunto e se entregou ao atleta resiliente e lutador que passou por debaixo do pano esticado sobre a Rua Alexandre Herculano, em último do pelotão e justamente antes do famoso Carro Vassoura.
O vencedor da etapa foi Pedro Polainas da equipa do S.C.P., que creio veio a ser o vencedor final. O último, o que levou o presunto já não recordo o nome.
Com muita pena minha pois também devido à Pandemia não posso contactar os que estavam comigo no topo do muro que mostra as Armas dos doze Concelhos do Distrito de Bragança e me poderiam esclarecer nesta omissão imperdoável. Foi um dia intenso, no fim da Verbena e após um dia assim, cheguei a casa e caí na cama e já não me lembra mais o que se passou até ao despertar, sei apenas que não fui a tempo de ver a partida para a etapa seguinte.
Depois disto inventaram- se muitas histórias, incluindo a que dizia que o Pedro Polainas trazia um avanço considerável em relação ao seu mais direto perseguidor. Chegado ao Cimo das Cantarias, ainda não havia casas nesse ponto, para trás estava a Quinta do Cacete e Vale de Conde, deu-lhe vontade de "ir a campo" e deixou a estrada subiu o talude e deu folga à tripa. Calmamente subia o calção quando avista o seu perseguidor. Rapidamente se recompôs e tratou de dar ao pedal, resultando que ao cortar a meta, olhou para trás e o outro já o tinha quase filado.
Assim rezam os Anais do tempo belo da minha infância.

(Amanhã conto-vos outra estória passada na Flor da Ponte). 




Bragança 06/04/2020
A. O. dos Santos
(Bombadas)

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