Segundo os produtores, há variedades de cereja em que a quebra é superior a este valor, sendo que a produção foi afectada pelas chuvas de Março e Abril, precisamente no início da floração. “Para trazermos 100 quilos para a feira temos que colher 250. As últimas chuvas deram-nos cabo da cereja, rachou toda. Temos que apanhar e depois fazer uma selecção. Há um bocadinho mas nada a ver com os outros anos e o tamanho também não ajuda”, disse Luís Mónico, de Vilares de Vilariça, Alfandega da Fé. “Este ano a produção é menor em 50%. Estava bonita e tinha muita flor mas as árvores não limparam”, referiu Maria Reis, produtora há dez anos, vinda da Trindade, Vila Flor. “Em geral tenho mais ou menos a mesma que o ano passado. Tenho variedades que têm pouca mas tenho variedades, como esta que trouxe para a feira, que estragou muito, praticamente 80%”, explicou Luciano Silva, de Bornes, Macedo de Cavaleiros, produtor há 15 anos.
Quanto às vendas, as opiniões dividem-se. A pandemia, que deixou alguns produtores parados, foi prejudicial para o negócio. Já para outros, o facto de haver menos cereja noutras localidades, tem sido uma mais valia. “Estou parado há três meses. Abrimos agora esta semana, a própria produção, e só estamos a meio tempo. Vai ser difícil, este ano o prejuízo é enorme”, explicou Luís Mónico. “Não temos vendido nenhuma. Só começámos agora porque a outra apodreceu toda e ficou nas árvores. Por culpa da pandemia também não tivemos clientes”, disse Maria Reis. Já para Luciano Silva “a venda está muito melhor”. Desde que tem cereja “está a ser o melhor ano de sempre a vender” e “será por causa da falta de cereja nas outras localidades”.
O mercado ao ar livre foi uma iniciativa da câmara de Alfândega e realizou-se no jardim municipal, onde a Festa da Cereja teve as suas origens, há mais de 30 anos. Os produtores aplaudiram a ideia, já que este ano não vão poder escoar o produto na Festa da Cereja. “O município criou este mercadinho para recuperar a nossa economia e a Festa da Cereja era uma mais valia para nós”, referiu Luís Mónico. “Para o negócio é prejudicial não haver aquela feira mas este mercado foi uma boa iniciativa, ajudou muito e a cereja está a sair muito bem”, explicou Maria Reis. “Vem gente e não falta cereja. É importante”, disse Luciano Silva.
Apesar da quebra que este ano se regista, Eduardo Tavares, presidente da câmara de Alfândega e da Cooperativa Agrícola local, sublinhou que a área de plantação será reforçada e que há vários produtores a querer entrar neste mercado. “A produção de cereja no concelho está em franca reconversão. Temos uma nova área de plantação nos últimos três anos. São cerca de 40 héctares que se somam aos outros 40 existentes. Queremos continuar a apostar nos nossos jovens para aumentarmos a área de produção e, por isso, o futuro da cereja em Alfândega da Fé é risonho. Temos novos produtores que estão a apostar na cultura e é nossa intenção ver esta cultura aumentar”.
O mercado volta a acontecer neste próximo fim-de-semana e depois em Junho, nos dias 6, 7, 10, 11, 12, 13 e 14.
Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves
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