Os pequenos produtores de hortícolas e frutícolas da região estão ainda com grandes dificuldades para vender os seus produtos. Apesar da reabertura de feiras e mercados, o principal meio de escoamento, os produtores temem que parte da produção possa não ser vendida. O presidente da Associação de Agricultores do Vale da Vilariça, José Almendra, antevê constrangimentos nas vendas em particular dos frutos e hortícolas mais perecíveis.
“Mesmo com o desconfinamento, até agora só poucos mercados estão a trabalhar. Isso causa constrangimentos na venda. Frutos, como cereja e damasco, estão já a ser colhidos. Aguentam muito pouco tempo e a maioria dos mercados ainda não está a funcionar, por isso muitos frutos não vão ser vendidos”, afirma.
No caso dos produtores de maior dimensão também se antevêem problemas, com a possibilidade da descida do valor pago.
“Como são frutos perecíveis e não é possível o armazenamento durante muito tempo, a dificuldade de comercialização pode ser maior. Se houver manos procura é previsível que o preço desça”, refere.
Adriano Andrade é produtor de cereja no Vale da Vilariça, no concelho de Alfândega da Fé. Tem 4 hectares em produção e mais 7 hectares plantados recentemente. Não espera problemas de mão-de-obra, porque os trabalhadores são locais, mas tem de cumprir as normas de segurança alimentar mais exigentes, o que implica custos acrescidos com luvas, máscaras e produtos de higienização. Já quanto à distribuição não será tão fácil e está a procurar novos mercados para escoar a produção, que este ano andará entre as 15 e as 20 toneladas.
“Tínhamos vários clientes, nomeadamente vendedores a retalho na zona de Aveiro e vamos ter alguma dificuldade, pelo que tivemos de diversificar. Estamos a fazer contactos para conseguir novos clientes e vender toda a produção”, destacou.
Por outro lado, as pessoas parecem apostar mais nas hortas. Por isso a venda de plantas tem crescido, como testemunha Sandra Luciano, de Cabanelas, concelho de Mirandela, que produz e vende legumes. “Quem vai para comprar, compra. Porque as pessoas têm medo que não chegue e pode haver uma crise de fome. Quem levava um molho ou dois, agora leva três ou quatro”, sustenta.
A incerteza continua a ser uma constante na vida dos produtores agrícolas da região, em tempos de pandemia.
Escrito por Brigantia
Jornalista: Olga Telo Cordeiro
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