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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 14 de novembro de 2020

Aflorando Nuno Nozelos

Como vos poderei falar profundamente, de Nuno Nozelos, sem o ter conhecido? Não posso. Soaria a falso e de falsidades não gosto. O que vos poderei contar então?

Conheci Dona Celeste Nozelos, no verão de 2020, em Torre de Dona Chama. De imediato me rendi a esta senhora, esposa de Nuno Nozelos. A nossa empatia foi tão forte que passamos a vida a telefonar-nos. O pouco que vos posso contar foi-me passado por esta distinta senhora, ora presencialmente, ora ao telefone. Há no olhar e no tom de voz, quando me fala do marido, aquilo a que posso chamar de Um Grande Amor pelo seu Nuno. Vi tanto de doçura como de carisma e força nesta senhora. Ouço-a com ternura e tento reter o máximo de informação nas nossas conversas.

O que pretendo?

Chegar ao Homem através do olhar e do coração da esposa. Não tenho ambição de tudo vos contar sobre o homem, poeta, contista, romancista, jornalista, conferencista, Técnico Superior na Área Administrativa da Saúde, pintor e até cantor de fado. Muitas facetas caracterizam a vida e obra de Nuno Nozelos, sendo transversal o vinculo impresso, sempre mantido, à sua terra natal, Fradizela, e à de adoção, Torre de Dona Chama. E, se respostas quereis encontrar, ide ver a exposição em sua homenagem que está patente ao público na Biblioteca Sarmento Pimentel, em Mirandela, a inaugurar no dia em que se assinalam 89 anos do seu nascimento, 15 de Novembro de 1931, estando aberta até 31 de Dezembro de 2020.

O Homem

 Ajudou imensos conterrâneos, e outros, que lhe batiam à porta, arranjando-lhes emprego, ou acesso a consultas e atos médicos, contou-me sua esposa, senhora que, aos 84 anos de idade, ainda conserva uma frescura e riso contagiantes. Os conterrâneos a quem arranjava emprego, vede só, acolhia-os em sua casa até terem onde morar. Com as moças que chegavam para trabalhar em Lisboa, tanto o Nuno como Dona Celeste, faziam questão de as ir acompanhando para que não tivessem o azar, ou má sorte, de caírem em vidas pouco dignas. Era um homem sempre disponível para ajudar o próximo.

Casaram a 06-05-1959, no Santuário de Nossa Senhora do Amparo, em Mirandela. Durante os 58 anos de casamento, tiveram uma vida matrimonial muito feliz. Dona Celeste, sempre que podia, acompanhava-o para todo o lado. Ainda que há muitos anos não fosse de bom-tom uma senhora entrar em determinados lugares, fazia questão de estar junto do marido e ele adorava a jovialidade dela. No seio familiar era um grande companheiro. Ajudava nas tarefas domésticas só para poder estar mais tempo e mais próximo da esposa que amava imensamente.

Entre amigos primava pelo riso, franco e solto, contando anedotas “algumas picantes, veja só, era um safado!” confidenciou-me Dona Celeste, com um brilhozinho nos olhos. Cantava fado, aliás, fê-lo algumas vezes, na Casa de Trás-os-Montes, em Lisboa.

Adorava pintar, tendo chegado a expor. Por condições do foro alérgico foi obrigado a desistir desta paixão.

Sempre que podia rumava até Torre de Dona Chama, fonte de inspiração e energia vital para a escrita. Amava ardentemente esta terra. Embrenhava-se no povo para saber dos usos e costumes. O facto de ter vivido sempre fora, ora por motivos de fazer os seus estudos, ora pela carreira profissional em terras alfacinhas, deixou-o desprovido de certas miudezas vitais, a quem bem quer contar um conto. Encontrava na simplicidade desta boa gente o que lhe faltava em terras de Lisboa. 

Pedi a esta boa senhora que me definisse o marido em três ou quatro palavras “Não era deste mundo.”.

Muito mais há para contar sobre um Homem com uma vida tão rica. Fica em aberto, a quem interessar, o espaço para escrever uma biografia da vida e obra do Nuno Nozelos.

À Dona Celeste, senhora de inúmeros atributos que me conquistou desde logo o coração, tenho a agradecer tudo quanto me contou sobre o marido.

Quanto a vós, caros leitores, ide visitar a exposição.

Teresa A. Ferreira, 14-11-2020

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