Sapo-cururu ou sapo-de-cana, uma das espécies potencialmente invasoras. Foto: Brian Gratwicke / Wiki Commons |
O LIFE Invasaqua, co-financiado por fundos comunitários, envolve três organizações portuguesas: Universidade de Évora, MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiental.
As espécies identificadas “já estão na fase de transporte ou introdução na Península Ibérica e devem ser tidas em conta nos sistemas de alerta precoce de Espanha e Portugal”, avisam os cientistas. A maioria destes casos são de potenciais invasores que estão a chegar aos dois países “como animais de estimação, para fins ornamentais ou através da aquicultura”.
Cabeça-de-cobra (Channa argus), outra exótica potencialmente invasora. Foto: Brian Gratwicke
A lista agora divulgada resulta de um trabalho de avaliação e de consenso de 60 especialistas ligados a mais de 30 instituições de Espanha e Portugal e “pretende ser a base para a prevenção e alerta precoce por parte das administrações de ambos os países, bem como para promover a cooperação transnacional nesta área.”
Mais de 60% em falta nas listas oficiais
O projecto publicou também esta quinta-feira a lista de espécies exóticas aquáticas da Península Ibérica 2020, que resultou do trabalho dos mesmos especialistas. Esta nova publicação identifica 306 espécies que já estão hoje introduzidas em águas interiores peninsulares. Destas, 200 estão “claramente estabelecidas ou naturalizadas” nos sistemas aquáticos de água doce e estuários da Península Ibérica, o que implica “um risco para o ambiente e para a economia muito elevado”.
Siluro, espécie aquática invasora em Portugal e Espanha. Foto: LIFE Invasaqua
No entanto, apenas menos de 40% destas espécies exóticas agora publicadas constam da lista oficial europeia ou das listas nacionais de Espanha ou Portugal, o que implica que a detenção ou comercialização de espécies não incluídas nestas listas ainda é permitida, avisa a equipa do projecto.
Vertebrados, crustáceos e moluscos são os grupos mais representados nestas 306 espécies, embora as plantas aquáticas exóticas também aqui estejam em número elevado. Em conjunto, estes grupos representam mais de 70% das espécies estabelecidas.
“Além das espécies invasoras mais emblemáticas, como o vison-americano, o peixe-gato-europeu, o mexilhão-zebra ou o jacinto-de-água, esta lista inclui também outras espécies menos conhecidas mas que constituem um problema, como o coipú, a rã-de-unhas-africana, a perca-sol, o lagostim-sinal, a amêijoa-asiática ou a azola”, exemplificam.
Jacinto-de-água (Eichhornia crassipes). Foto: Michael Gaylard/Wiki Commons
De acordo com estudos recentes feitos por toda a Europa, incluindo Portugal e Espanha, nota-se “um aumento preocupante dos problemas ecológicos e económicos associados às espécies exóticas invasoras”.
Para impedir que aconteçam ou responder rapidamente a essas situações, uma das principais apostas do Life Invasaqua tem passado pela elaboração e publicação de listas com as espécies exóticas que já estão presentes na Península Ibérica, ou que têm esse potencial. Segundo a equipa, estas “são uma ferramenta essencial para técnicos e gestores”.
“Estas listas são ferramentas para compreender e gerir as vias de introdução de espécies exóticas em sistemas de água doce e estuários, bem como para comunicar a dimensão do problema a todas as autoridades e partes interessadas relacionadas”, concorda Spyridon Flevaris, Chefe de Políticas de Biodiversidade da Comissão Europeia, citado na nota de imprensa.
As duas publicações agora divulgadas vão servir de base para o acompanhamento da implementação do objetivo da Estratégia da UE para a Biodiversidade até 2030 para combater espécies exóticas invasoras (EEI) e para a implementação de outras diretivas europeias (Habitats e Aves, Água e Estratégia Marinha).
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