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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 24 de abril de 2021

A Liberdade

Por razões de circunstância que somente terão a ver com coincidência, nas últimas quase cinco décadas, em Portugal a palavra Liberdade surge-nos quase geminada com a palavra Primavera.

Apetece-me dizer ainda bem, pois uma e outra dizem-nos daquilo que mais belo existe na vida de uma pessoa. Há muitas outras mais, mal de nós se as não houver, mas esta duas provocam-nos um brilhozinho nos olhos e um encher d’alma.

Apreciámo-las, vivemo-las, mas nem sempre as sentimos, nem sempre lhes damos a devida nota. Damo-las se calhar demasiadamente garantidas porque se nos entranharam como algo de natural, como algo que está no nosso destino de bem-aventurados quando comparados com outros de outros lados.

No entanto, diz-nos a sabedoria nascida da experiência transformada em sapiência que nada é garantido a não ser a morte, pois bem sabemos isto de se estar vivo ainda um dia acaba mal, como alguém disse. Quanto ao resto, tudo muda na certeza de que a única coisa permanente é a mudança.

A primavera por exemplo já não é o que era. O tempo anda incerto e trocado no universo com o S. Pedro a ver-se à nora para cumprir a missão de a mando de Deus Nosso Senhor regular o sol e a chuva que nos manda, por mor dos desmandos que nós cá por cá insanamente praticamos no globo azul que nos emprestaram para viver.

Há quem diga que quanto a isso, temos liberdade a mais e bom senso a menos, coisa grave, pois a cada pedaço de liberdade deve corresponder em dobro um pedaço de responsabilidade. Todos lemos, ouvimos e lemos, mas não queremos saber e deixamos andar até ver o que isto dá.

A Liberdade tem destas coisas, por isso praticá-la tem que se lhe diga, muito mais porque ainda não aprendemos a saber fazê-la nascer em nós cuidando como sendo uma flor. Futuramos que a temos porque no-la deram para uso imediato. Não aprendemos ainda que o solo do seu germinar é o pedaço que cada um de nós é.

Só depois de florida em cada nossa eterna primavera a podemos oferecer esperando dos outros igual e sublime gesto que nos diferencia e nos eleva até ao firmamento da tolerância vivida e sentida em cada momento nas encruzilhadas da vida.

A Liberdade forja-nos. No entanto, cabe-nos individualmente dar-lhe lume, para que seja uma chama que ninguém pode apagar. Temos de saber ser livres permitindo a liberdade dos outros, cerceando apetites imediatos e moldando atitudes de respeito, de solidariedade e de igualdade, através do encanto das coisas simples e belas.

Na primavera de mil novecentos e setenta quatro, na madrugada daquele dia inteiro e limpo, como escreveu a poetisa maior, um mero acaso fez com que uma mulher que seguia rua acima abraçada a um molho de cravos, colocasse um no cano de uma espingarda dando forma a uma imagem icónica tornada símbolo de mil esperanças.

Foi o início. Está na nossa mão. Sigamos o voo das gaivotas com asas de vento e coração de mar. Seremos livres na linda primavera. Quem nos dera!.

Manuel Igreja

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